Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Altri adianta que está "a estudar a admissão à cotação na Euronext Lisbon da sua subsidiária integralmente detida, Greenvolt, empresa que materializa a presença do grupo" no setor das energias renováveis.
E anuncia também que João Manso Neto, ex-administrador executivo da EDP e presidente executivo da EDP Renováveis, vai assumir a liderança da Greenvolt enquanto presidente executivo.
Assim, João Manso Neto desiste do acordo com a EDP, que previa o pagamento de 560 mil euros por ano até 2023, num total de cerca de 1,7 milhões de euros, para impedir que fosse trabalhar para a concorrência, depois da saída do grupo.
Segundo a EDP informou ao mercado na passada sexta-feira, o ex-presidente executivo da EDP António Mexia e Manso Neto "tiveram acesso, para o exercício das respetivas funções, ao longo de 14 anos, a conhecimentos e extensa informação privilegiada e particularmente sensível no domínio da concorrência sobre a estratégia e negócios do grupo EDP".
Por isso, a EDP avançou com acordos separados por forma a impedir que Mexia e Manso Neto trabalhem na concorrência, até 2023.
Já António Mexia vai receber 800 mil euros por ano em 2021, 2022 e 2023, num total de 2,4 milhões de euros, bem como manter seguros de saúde e seguros de vida.
António Mexia e João Manso Neto ocuparam os cargos de presidente executivo da EDP e da EDPR, respetivamente, desde 2006 e até julho de 2020, altura em que o juiz Carlos Alexandre os suspendeu das funções por suspeita de crimes de corrupção e participação económica em negócios, medida de coação que entretanto se extinguiu por ultrapassar o prazo máximo de oito meses sem acusação deduzida.
Já antes, os dois gestores tinham comunicado a intenção de saírem dos cargos, o que acabou por ser concretizado em janeiro.
A Greenvolt "tem atualmente em funcionamento cinco centrais de produção de energia termoelétrica a partir de biomassa florestal, com cerca de 97 MW de potência instalada", refere a Altri, salientando que a criação da empresa permite ao grupo "consolidar a sua estratégia de integração entre a fileira florestal produtora de biomassa e a produção de energia a partir deste recurso renovável".
Sobre João Manso Neto, a Altri sublinha que o gestor "tem um percurso profissional com mais 30 anos de relevante experiência de liderança e gestão global de negócios complexos, relacionados, em especial, com o setor energético, tendo desempenhado cargos de administração geral, estratégia e desenvolvimento de negócios".
A Greenvolt "tem um ambicioso projeto de expansão nacional e internacional", garante a Alti.
Com João Manso Neto enquanto presidente executivo e a sua experiência no setor, "a Greenvolt pretende consolidar a sua posição de liderança no mercado nacional e afirmar-se como um 'player' de referência a nível internacional, no mercado das energias renováveis, não apenas a partir de biomassa, florestal - segmento que continuará a ser o 'core business' da sociedade, com inquestionáveis competências - mas também, através de modelos inovadores, de energia solar e eólica".
A Altri adianta que a Greenvolt celebrou um contrato de consultadoria com a Lazard Asesores Finacieros SA e Lazard Frères Banque SA, assim como que foi mandatada a Vieira de Almeida & Associados, "para estudar a possilidade de admissão de realizar uma operação que, sujeita às condições de mercado [...], poderá culminar na admissão à negociação da totalidade das ações representativas do capital social da Greenvolt no mercado regulamentado Euronext Lisbon".