Em janeiro houve muita turbulência em Wall Street, quando milhares de pequenos investidores apostaram nas ações da GameStop, uma cadeia de lojas de videojogos, e provocaram fortes perdas a fundos de investimento especulativo, que tinham apostado em vendas a descoberto ('short'-selling') deste título.
No final da audição promovida pela comissão parlamentar de Economia e Assuntos Monetários apontaram-se duas conclusões fundamentais: aumentar a proteção dos pequenos investidores nas bolsas de valores e reforçar a educação financeira para reduzir os riscos nas operações que venham a fazer.
O presidente da Autoridade Europeia de Valores e Mercados, Steven Maijoor, defendeu a importância da educação, em especial considerando o uso cada vez maior das novas tecnologias por parte dos pequenos investidores para realizar operações financeiras.
Por seu lado, o diretor de Mercados Financeiros da Direção-Geral de Estabilidade Financeira, Serviços Financeiros e União dos Mercados de Capitais da Comissão Europeia, Ugo Bassi, afirmou que se está a avaliar a viabilidade de estabelecer normas que obriguem os Estados membros a fomentar a aprendizagem de dados financeiros básicos.
"É desejável que as famílias percebam melhor os mecanismos de mercado, porque assim podem gerir melhor as suas finanças pessoais", acrescentou Maijoor, que considerou a regulação e a educação como a melhor solução para os abusos de mercado.
Nos eurodeputados, a propósito da regulação das atividades financeiras, o porta-voz dos socialistas, o finlandês Heinaluoma Eero, admitiu a revisão da legislação para a adaptar à nova realidade, em que os pequenos investidores têm mis facilidade de aceder aos mercados, graças às aplicações, as ditas apps.
O 'popular' Markus Ferber advertiu para o risco de ver os investimentos bolsistas como um jogo: "Qualquer um pode registar-se facilmente e entrar no negócio das ações como se fosse um jogo".
O porta-voz do Renew Europe, Luis Garicano, eleito pelos Ciudadanos, aconselhou evitar "o excesso de transparência" nas vendas a descoberto, para, na sua opinião, evitar o estrangulamento do mercado bolsista.
"Há que procurar o equilíbrio adequado entre a transparência e o excesso desta", acrescentou Bassi.
Já o português José Gusmão, porta-voz do Grupo da Esquerda, lamentou que a audição "não tivesse chegado mais longe" e não se tivesse avançado na definição de normas concretas para proteger os mercados financeiros de atividades que possam ameaçar as economias da União Europeia.