Associação ambientalista questiona Governo sobre apoios à TAP
A associação ambientalista Zero critica a "total ausência" de referências do Governo às contrapartidas ambientais nos apoios à TAP, no âmbito da pandemia de covid-19, questionando se vão ser cumpridos compromissos climáticos e uma "tributação justa".
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Economia Covid-19
"Ao contrário da posição de outros governos na Europa, a Zero tem notado no discurso do Governo uma total ausência da necessidade de contrapartidas ambientais na negociação dos apoios à TAP", alerta hoje em comunicado a associação ambientalista.
A Zero sublinha que a existência dessas exigências estaria "em linha com o que seria de esperar face à posição ambiciosa de Portugal no que respeita à redução de emissões poluentes, em particular as causadoras das alterações climáticas, e nomeadamente tendo em conta a meta de neutralidade carbónica em 2050".
Segundo a associação, a TAP emitiu 1,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em 2019, só em voos intraeuropeus, com um aumento de 27% de emissões nos últimos quatro anos, e "foi a terceira empresa portuguesa mais penalizadora do clima", só ultrapassada pela central a carvão e pela refinaria de Sines.
A Zero reconhece que a indústria da aviação "é fortemente afetada pela crise da Covid-19", e que "dezenas de companhias aéreas estão ameaçadas de falência" em todo o mundo, colocando em causa quase 25 milhões de empregos diretos no transporte aéreo.
"Neste contexto, o setor tem pedido ajuda aos governos em toda a Europa. O valor atual total dos apoios solicitados atinge mais de 30 mil milhões euros", refere o comunicado, considerando que "se o auxílio estatal for concedido, ele deve servir principalmente para proteger os trabalhadores afetados, evitar grandes efeitos negativos na economia e continuar serviços estrategicamente importantes".
Atualmente, a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade devido à pandemia.
De acordo com a Zero, em Portugal, além da ausência das contrapartidas ambientais na negociação sobre os apoios à TAP, "pior ainda" é que o executivo continua a apostar na expansão do Aeroporto Humberto Delgado (em Lisboa), e na construção de um novo aeroporto no Montijo.
"Enquanto vários projetos de expansão aeroportuária estão a ser cancelados ou repensados na Europa, a começar pela terceira pista do aeroporto de Heathrow em Londres, o primeiro-ministro e vários ministros (das Infraestruturas e da Habitação ao Ambiente e Ação Climática), mantêm irredutível a opção de expandir o Aeroporto Humberto Delgado e construir um novo aeroporto no Montijo, não aproveitando a folga de reflexão dada pela pandemia", assinala.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 362 mil mortos e infetou mais de 5,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 2,3 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.383 pessoas das 31.946 confirmadas como infetadas, e há 18.911 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
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