Em entrevista à Lusa, David Rua, investigador do INESC TEC, no Porto, explicou hoje que o projeto, intitulado "InterConnect", visa "quebrar as barreiras" inerentes aos sistemas elétricos dos edifícios, isto é, equipamentos inteligentes como a máquina de lavar roupa, o frigorífico ou os termorreguladores.

"O projeto visa definir quais são os dados trocados entre os diversos dispositivos que existem dentro da casa e que têm uma vertente energética muito forte para que, interligados, possam contribuir para a exploração e gestão de energia dos edifícios, numa lógica de eficiência energética", referiu.

Financiado em 36 milhões de euros pelo programa Horizonte 2020, o "InterConnect" vai juntar 51 instituições europeias, desde centros de investigação e inovação a empresas que vão desenvolver várias plataformas digitais para os sistemas elétricos.

Segundo David Rua, este projeto, ao permitir criar "uma verdadeira interconectividade" entre os dispositivos, vai "quebrar as barreiras" que atualmente existem nas soluções dos fabricantes.

"Se hoje optarmos por escolher o fabricante A para um dispositivo e o fabricante B para outro, lidamos com dois ecossistemas completamente diferentes. O objetivo com este projeto é que a parte operacional dos sistemas seja uniforme e que os sistemas sigam um formato conhecido e apurado entre todos", afirmou o investigador do Centro de Sistemas de Energia do INESC TEC.

Divididos em 11 grupos de trabalho, durante os próximos quatro anos, os investigadores vão trabalhar em áreas como a rede elétrica, 'big data', cibersegurança, estandardização, ontologia, plataformas digitais, a internet das coisas (loT) e 'cloud'.

À Lusa, David Rua avançou que a partir do segundo ano do projeto as plataformas digitais desenvolvidas no âmbito do "InterConnect" vão ser testadas em sete ambientes reais diferentes (demonstradores).

Em Portugal, está previsto testar a tecnologia em edifícios residenciais e 40 edifícios comerciais da SONAE.

Na Holanda e na França em edifícios residenciais e de serviço, na Bélgica, além de edifícios domésticos, está prevista a realização do teste em edifícios de serviço como hospitais. Já na Alemanha, será testada em 15 unidades hoteleiras.

Já na Itália e na Grécia os equipamentos vão ser testados em edifícios de residências sociais, sendo que este último está previsto abranger perto de mil habitações.

"Queremos com este projeto mudar o paradigma atual, embora exista competição entre as empresas, a ideia é que exista colaboração entre os fabricantes no sentido de garantirem que não existem barreiras quando se fala de dados", concluiu.

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