Em causa está um projeto do grupo liderado pelo empresário de Macau David Chow e que foi alvo de uma adenda ao nível do acordo anterior entre os investidores privados e o Governo de Cabo Verde, conforme publicação em Boletim Oficial em abril, à qual a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com a edição de hoje do jornal cabo-verdiano "A Nação", a opção pela construção do empreendimento por fases estará relacionado com o pedido de licenciamento do Banco Sino-Atlântico.
Em fevereiro de 2018, David Chow anunciou ter submetido ao banco central cabo-verdiano (BCV) o pedido de autorização para a criação de um banco em Cabo Verde, cuja decisão ainda não é conhecida.
Em 2015, David Chow, empresário luso-chinês nos setores do turismo, entretenimento e jogos em Macau, e proprietário do grupo Macau Legend, assinou com o Governo cabo-verdiano um acordo para a construção do empreendimento Gamboa/Ilhéu de Santa Maria, cuja primeira pedra foi lançada em fevereiro de 2016.
Trata-se do maior empreendimento turístico de Cabo Verde, com um investimento previsto de 250 milhões de euros - cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional - para a construção de uma estância turística no Ilhéu de Santa Maria, situado defronte da cidade da Praia, que cobrirá uma área de 152.700 metros quadrados, inaugurando a indústria de jogo em Cabo Verde.
David Chow recebeu uma licença de 25 anos do Governo de Cabo Verde, 15 dos quais em regime de exclusividade na Ilha de Santiago. Esta concessão de jogo custou à CV Entertaiment Co., subsidiária da Macau Legend, o equivalente a cerca de 1,2 milhões de euros.
A promotora recebeu também uma licença especial para explorar, em exclusividade, jogo 'online' em todo o país e o mercado de apostas desportivas durante 10 anos.
A obra, que inclui um edifício de grandes dimensões frente ao mar, onde funcionará um casino e um hotel, provocou críticas e despertou a curiosidade dos transeuntes que nos últimos três anos se habituaram aos taipais com carateres chineses e ao prédio, recentemente pintado.
Contudo, a minuta de adenda ao acordo entre a empresa e o Governo cabo-verdiano, publicada em 08 de abril no Boletim Oficial de Cabo Verde, refere que, "considerando que, face à evolução da envolvente nacional do empreendimento nos últimos dois anos, o promotor sugeriu, e o Governo entendeu aceitar, uma proposta de realização do projeto de investimento por fases".
Assim, nesta primeira fase do projeto, que deverá estar concluída dentro de 22 meses, serão investidos 90 milhões de euros.
Até lá deverá estar concluída a estrutura atualmente existente no local, a ponte para o ilhéu de Santa Maria, os arranjos paisagísticos associados, o estacionamento e infraestruturas de apoio, um hotel com 'boutique casino', com 250 quartos, uma grande piscina e várias instalações para restaurantes, bares e estabelecimentos comerciais, segundo o mesmo documento.
A minuta refere que "as demais fases do projeto ficam sujeitas às condições de mercado e às novas políticas adotadas pelo Governo de Cabo Verde, visando o benefício mútuo".
As outras fases do projeto "serão apresentadas para apreciação pelo Governo de Cabo Verde, após a conclusão da primeira fase", prossegue o documento.