Os despedimentos coletivos dados por concluídos em janeiro totalizaram 33, valor que compara com os 39 contabilizados no mesmo mês de 2018. Mas ainda que os processos tenham caído, o mesmo não sucedeu com o universo de trabalhadores afetados.
No arranque de 2018, os despedimentos coletivos concluídos no primeiro mês dão conta de que as empresas que os promoveram previam dispensar 348 trabalhadores e acabaram por despedir 324. Este ano, as intenções de despedimento chegaram a 401 pessoas e foram efetivadas em 397 casos.
Os dados disponibilizados pela DGERT também mostram que a maior parte destes despedimentos foi promovida por microempresas e por empresas de pequena e de média dimensão. Dos 397 trabalhadores visados, 72 eram de microempresas (que promoveram 15 despedimentos coletivos), e 155 de pequenas empresas.
As empresas de média dimensão concluíram cinco despedimentos coletivos que abrangeram 162 pessoas - exatamente o número que previam dispensar. Estes dados contrariam também a situação registada em 2018 em que foram as grandes empresas a dispensar por esta via o maior número de colaboradores.
Contrariando a tendência de quebra que começou a sentir-se em 2013 (ano em que os níveis de desemprego em Portugal registaram valores máximos) e se manteve até 2018, o primeiro mês deste ano trouxe também um aumento do número de despedimentos coletivos comunicados pelas empresas.
Em janeiro de 2018, a DGERT registou a entrada de 25 intenções de empregadores para darem início a despedimentos coletivos, mas no mesmo mês de 2019 registou 30 comunicações.
João Cerejeira, professor na Universidade do Minho e especialista em questões laborais e de mercado de emprego, admite que a subida dos números no arranque de 2019 possa estar relacionada com os sinais de abrandamento da economia que começaram a sentir-se já na reta final do ano passado.
"Os despedimentos coletivos têm um peso residual no total dos despedimentos, mas têm uma componente cíclica e esta subida pode ser já algum indício do abrandamento da economia até porque a criação de emprego também está a abrandar", referiu.
Em declarações à Lusa, João Cerejeira referiu que o facto de serem as micro empresas e as de menor dimensão quem mais está a despedir também pode ser visto como um resultado do abrandamento que alguns setores já começaram a sentir, como os têxteis, nio qual o crescimento das exportações está a registar níveis mais baixos do que o observado nestes últimos anos.
"Trata-se de um setor onde as empresas recorrem muito à subcontratação de microempresas e pode ter a ver com quebras de encomendas", precisou o mesmo especialista.