"A Europa tem de construir um novo modelo para garantir aos seus cidadãos um desenvolvimento justo e duradouro", lê-se no manifesto publicado no domingo pelo jornal The Guardian e assinado por 50 economistas, políticos e historiadores de 12 países liderados pelo economista francês.
O objetivo é estabelecer um plano para contrariar as divisões, desencanto e desigualdade que alimentam o populismo de direita em rápido crescimento na União Europeia (UE), explicam.
"A nossa proposta baseia-se na criação de um orçamento para a democratização, a debater e votar por uma nova e soberana assembleia europeia [...] uma instituição pública capaz de lidar com as crises imediatamente e de produzir um conjunto de bens e serviços fundamentais no quadro de uma economia baseada na solidariedade", acrescentam, referindo medidas para lidar com as questões mais urgentes, como a pobreza, migrações, alterações climáticas e o chamado défice democrático.
Uma tal assembleia disporia de um orçamento de até 800 mil milhões anuais, financiados com um imposto extra de 15% sobre as grandes multinacionais, um aumento dos impostos sobre os salários superiores a 100.000 euros, um imposto sobre as fortunas superiores a 1 milhão de euros e o aumento das taxas às emissões de carbono, que devem ser no mínimo de 30 euros por tonelada.
O manifesto sustenta que a UE está num "impasse tecnocrático" que beneficia os mais ricos e defende "mudanças fundamentais" antes que, após a saída do Reino Unido, outros decidam abandonar o projeto europeu.
O documento sublinha a preocupação na Europa de evitar grandes perdas para os populistas antieuropeus nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, em maio de 2019, e critica os movimentos que se dedicam a "caçar estrangeiros e refugiados" tanto quanto censura aqueles que defendem "um liberalismo primário e a ampliação da concorrência" a todas as esferas, sem perceberem que é "a falta de ambição social que gera o sentimento de abandono" junto dos cidadãos.
Além do economista francês, que se tornou internacionalmente conhecido com o livro "O Capital no Século XXI", sobre a desigualdade económica, subscreveram este manifesto o antigo primeiro-ministro italiano Massimo D'Alema, o cientista político belga e presidente da câmara de Charleroi, Paul Magnette, ou o conselheiro do antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown Michael Jacobs, entre outros.