Subida de taxa de juro normaliza política mas prejudica economias frágeis
Os bancos centrais em todo o mundo estão a voltar a subir as taxas de juro, normalizando a política monetária, mas com efeitos negativos para o financiamento do desenvolvimento económico em África, particularmente em Angola e Moçambique.
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Economia Banco
Numa ronda pelos maiores bancos centrais, que regulam cerca de 90% da economia global, conclui-se que 10 dos 22 já aumentaram as taxas de juro desde abril, e outros sete devem subir novamente ou ainda neste ou no próximo ano.
A subida das taxas de juro para níveis 'normais' acontece dez anos depois de os bancos centrais terem descido as taxas para mínimos históricos, em plena recessão mundial e com a esperança de que o custo barato do dinheiro ajudasse a economia a recuperar.
Nos últimos dez anos, as economias mais vulneráveis, como as da África subsaariana, beneficiaram de custos de financiamento historicamente baixos, o que redundou num forte aumento do endividamento destas economias, não só pelas necessidades próprias destes países, mas também pelo interesse dos investidores em procurarem rendimentos mais elevados para o seu capital.
Numa nota emitida recentemente, a consultora Capital Economics revelava que nos últimos anos a subida do endividamento medido em função do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 12 pontos percentuais nos mercados emergentes, mas foi de 27 pontos percentuais na África subsaariana, com Angola e Moçambique a superarem os 30 pontos percentuais de aumento.
A taxa de juro diretora da Reserva Federal norte-americana está agora no valor mais alto desde 2009 e os analistas antecipam um novo aumento em dezembro e no próximo ano, fazendo a taxa que age como padrão do custo do dinheiro suba dos atuais 2,25% para 2,5% ainda este ano e para 3% em 2019, podendo avançar para os 3,5% no ano seguinte, dependente da evolução da economia norte-americana.
O Banco Central Europeu, por seu turno, vai continuar a comprar dívida pelo menos até ao final deste ano, embora reduzindo o montante para metade (de 30 para 15 mil milhões de euros), e já assumiu que não aumentará as taxas de juro diretoras até ao próximo verão.
"O desafio para os decisores políticos é evitar travar excessivamente a economia durante um período em que as ajudas orçamentais vão diminuir e, em última análise, reverter-se", comentou à Bloomberg a analista Yelena Shulyatyeva, especializada na análise da política monetária do banco liderado por Jerome Powell.
Evolução das taxas de juro ...........................Atual....2018.....2019 Banco Central Europeu.....-0,4%....-0,4%....-0,15% Reserva Federal EUA........2,25%....2,5......3% FONTE: Estimativas da BloombergDescarregue a nossa App gratuita.
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