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De Fehér a Astori: Será possível travar a 'peste negra' do futebol?

O Desporto ao Minuto esteve à conversa com o Dr. Valério Rosa, especialista em Medicina Desportiva, que nos explicou a morte de Astori e alertou para a necessidade de estudar os fatores que têm conduzido a vários casos de morte súbita.

De Fehér a Astori: Será possível travar a 'peste negra' do futebol?
Notícias ao Minuto

08:36 - 07/03/18 por Ricardo Santos Fernandes

Desporto Morte

A tragédia da morte súbita voltou a abalar este domingo o planeta do futebol, na sequência da paragem cardiorrespiatória de Davide Astori. A autópsia ao capitão da Fiorentina foi realizada, esta terça-feira, e apesar de não ser conclusiva, refere que se deveu a causas naturais, mais concretamente pela desaceleração do batimento cardíaco do atleta. O Desporto ao Minuto esteve à conversa com o Dr. Valério Rosa, especialista em Medicina Desportiva, que nos ajudou a explicar mais ao detalhe a situação do defesa-central italiano.

“O ritmo do batimento cardíaco do jogador era muito lento e o treino, assim como as cargas a que estão submetidos, leva a que esteja sujeito a bradicárdias (ritmo lento: pulsações a rondar as 40/42 pulsações, quando o normal são 70/72 por minuto), portanto se houve uma bradiarritmia é porque houve uma falência no sistema elétrico do coração. O coração deixou de funcionar normalmente e deu lugar a um edema pulmonar, ou seja os pulmões ficaram inundados e não houve possibilidade de oxigenar e de alimentar o cérebro convenientemente. Uma falência multiorgânica de vários órgãos: coração, pulmões, cérebro e rins. O coração bateu cada vez mais lento até parar. É preciso é descobrir o que levou a essa desaceleração”.

E havia forma de ter evitado este triste episódio? “Uma arritmia cardíaca que dá origem a uma paragem cardiorrespiratória é impossível de prever, embora os exames que os atletas estão sujeitos no início e durante a época possam detetar alterações orgânicas no momento em que os exames são feitos. Alterações orgânicas podem levar à adopção de determinadas medidas, mas evitar um acidente desta natureza é muito difícil”, realçou o Dr. Valério Rosa, que garantiu que nenhum exame pode garantir a infalibilidade de que não vá existir nenhum acidente à posteriori.

“Estes jogadores já foram submetidos a muitos exames e não foi detectada nenhuma causa orgânica. O episódio final será consequência das cargas a que os atletas estão sujeitos e algo pode ter ocorrido que não tenha sido detetado”.

Mais um capítulo de uma 'negra' história

Este caso faz parte de um livro que já tinha sido aberto a 26 de junho de 2003, quando o camaronês Marc-Vivien Foé sofreu um colapso em pleno jogo da Taça das Confederações. Meses depois, a 25 de janeiro de 2004, foi Portugal e Hungria a chorar a morte do benfiquista Miklos Féher durante um jogo com o Vitória de Guimarães, no Estádio D. Afonso Henriques. Em Portugal, além do caso de Fehér, registaram-se ainda as mortes de Bruno Baião, júnior do Benfica, a 15 de maio de 2004, e de Hugo Cunha (União de Leiria), que caiu inconsciente no relvado aos 28 anos, vítima de paragem cardíaca, quando jogava com amigos, a 25 de junho de 2005.

Em agosto de 2007 foi o Sevilha a sofrer com o adeus prematuro do capitão Antonio Puerta, durante o jogo da Supertaça Europeia com o AC Milan. Davide Astori é o segundo caso no futebol italiano. Em 2012, o médio Piermario Morosini, do Livorno, morreu na sequência de um ataque cardíaco sofrido em pleno estádio, num jogo com o Pescara.

Existe uma linha de continuidade ou cada caso é um caso?

“São situações distintas. O episódio final é o mesmo: Uma paragem cardiorrespiratória, a paragem do músculo do coração ou do seu sistema eletrício, provocado por uma arritmia acelerada ou uma bradiarritmia (desaceleração gradual do coração). Os atletas bem treinados têm um ritmo cardíaco lento (a chamada bradicárdia). Porque é que aconteceu? Não se pode saber. Só estudos mais detalhados é que podem eventualmente descobrir a causa”.

“Se fosse previsível tinha sido evitado. Cada caso é um caso. Cada atleta tem a sua carga orgânica, funcional e bioquímica. Situações imprevisíveis que podem ser desencadeadas por vários factores. Isso é que precisa de ser estudado. Aprender com as coisas negativas e com os factores, que se desconhecem, e desencadeiam este tipo de mortes”.

E um atleta profissional tem maior propensão a sofrer de morte súbita?

“O coração é sujeito a cargas muito intensas quando falamos de atletas profissionais, muitas das vezes a recuperação não é a adequada e a suficente,  muitas vezes certos episódios, como uma fibrose ou uma infeção respiratória, podem afetar o coração, mas a probabilidade de ocorrer uma morte súdita é igual numa pessoa que faz desporto ou não. A razão é se há causas orgânicas estruturais ou não, e se essa morte súbita aconteceu devido a excessos de algum tipo de natureza, como por exemplo cargas”. 

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