Atletas portugueses revelaram que vão participar nos Mundiais de esgrima sem qualquer apoio federativo, na sequência dos cortes impostos pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) às organizações desportivas. João Videira, vice-campeão do Mundo em 2006 na categoria de espada, adiantou à Agência Lusa que vai ter de suportar os custos da participação nos Mundiais de esgrima, que se vão realizar em Budapeste, entre 5 e 12 de agosto. "Não acho normal ter de tirar férias no meu trabalho (para participar nos mundiais), mesmo sendo eu a pagar do meu bolso a deslocação e o alojamento", sublinhou.
O atirador luso manifestou compreensão pela "situação anormal" que o país atravessa, mas não deixou de dirigir algumas críticas à Federação Portuguesa de Esgrima por não lhe ter proporcionado qualquer competição este ano, apesar de ser "o único atleta de nível A" (alta competição) na modalidade e ao contrário do que fez com outros desportistas.
Apesar de ter de suportar os custos da participação nos Mundiais de Budapeste, João Videira prometeu trabalhar para alcançar o melhor resultado possível e garantiu que a "situação anormal" não servirá de desculpa para uma eventual má prestação.
Nuno Frazão, treinador dos atiradores João Cordeiro e Ricardo Candeias, admitiu também que a participação nos Mundiais só foi possível com o apoio dos atletas e de entidades como o Clube Atlântico e da Câmara Municipal de Cascais. "Sem estas vontades todas não estaríamos nos Mundiais com certeza", sustentou, recordando que já nos Europeu de junho, em Zagreb, tiveram de ser os atletas a suportar os custos da participação.
Para Nuno Frazão, o "grande objetivo" dos seus dois atletas foi chegar aos Mundiais, pelo que a fasquia agora será colocada na necessidade de "fazer o melhor possível" e "dar o máximo". O técnico português admitiu, no entanto, que uma eventual participação nos Jogos Olímpicos do Rio2016 terá de ser encarada de forma diferente, uma vez que o apuramento na categoria de espada na Europa é muito equilibrado e exige mais competição. "Não se pode pensar em Jogos Olímpicos se os atletas não puderem treinar ou competir. Os recursos próprios são recursos de boa vontade à maneira portuguesa. Mas não se consegue fazer um ciruito mundial a custo próprio. Esperamos que haja alguma estabilidade e que sejam claras as opções do desporto nacional", frisou, embora revelando alguma compreensão com a necessidade dos cortes face à situação financeira do país.
Portugal estará representado nos Mundiais de Budapeste por sete atletas:
- Espada masculina: Joaquim Videira (Antigos Alunos do Colégio Militar), João Cordeiro e Ricardo Candeias (Clube Atlântico de Esgrima) e Max Rod (Escola Básica Alberto Iria).
- Florete masculino: Gael Santos (Escola Desportiva de Viana).
- Florete feminino: Debora Nogueira (Ginásio Clube Português).
- Espada feminina: Inês Hermínio (Ginásio Clube Português).