Representou o FC Porto durante três temporadas e ajudou os dragões a conquistarem o ‘penta’. Logo no seu primeiro Clássico, Chaínho ‘molhou a sopa’ (como o próprio diz) e foi fundamental na vitória sobre o Benfica, que se revelou crucial para a conquista do título, em 1998/99.
O antigo futebolista dos dragões analisou o Clássico deste sábado e acredita que a fórmula do sucesso vai estar no trabalho coletivo, mas... é da opinião que há alguns jogadores em particular vão ter um papel de destaque.
Benfica ou FC Porto: Quem está melhor preparado para o Clássico?
Estão os dois. Estão separados por um ponto… São neste momento as duas melhores equipas. Mas o estar preparado é muito subjetivo. Quem estiver mais concentrado e menos ansioso levará a melhor. Mas é um jogo que é muito difícil prever o desfecho.
Acha que este Clássico pode ser decisivo? Caso o Benfica ganhe, o FC Porto pode ficar fora da corrida pelo título?
Se o Benfica vencer passa a ficar com quatro de pontos de avanço. Tendo em conta que faltam poucas jornadas para terminar o campeonato, a margem de erro do Benfica é maior. Mas perdendo, o FC Porto não fica com o campeonato perdido, obviamente, mas o Benfica fica mais próximo do título e até é algo que os encarnados podem jogar a seu favor. É imperativo para o FC Porto não perder este jogo. Mas a importância deste Clássico existe para os dois. Se os dragões vencerem, passam para a frente do campeonato e o FC Porto à frente é uma equipa muito perigosa…
Este jogo vai decidir muita coisa. Não vale a pena estar a pensar no Sp. Braga-FC Porto, no Sporting-Benfica, porque este jogo é crucial para tudo.
Que jogador acha que pode fazer a diferença? Existe algum que destaca?
Eu prefiro destacar o coletivo. Do lado do FC Porto, se eles forem coesos na sua linha defensiva, como costumam ser, têm uma vantagem grande. Do lado do Benfica, o seu ponto forte é em termos ofensivos. Mas claro que podem aparecer jogadores que podem fazer a diferença, tal como o Soares e o Mitroglou. Além disto, acho que os guarda-redes, o Casillas e o Ederson também vão ter um papel muito importante neste jogo.
Desde que chegou ao Dragão, Soares tem marcado em quase todos os jogos. No entanto, nos que não marcou, o FC Porto não venceu. Acha que a equipa está demasiado dependente do seu novo avançado?
São coincidências. Obviamente que as pessoas que analisam o futebol debruçam-se muito sobre esse tipo de estatísticas, mas não acredito que isto seja mais do que uma coincidência.
O Chaínho como jogador já experienciou vários Clássicos. Como é que um jogador se prepara para um jogo desta dimensão, que pode mesmo ser o jogo mais importante da época?
Fisicamente os jogadores têm de estar bem. Pessoalmente, adquiri vários anos de experiência de Primeira Divisão, antes de chegar ao FC Porto. Mas o essencial é não pensar no jogo. O treino é muito importante e o jogador não pode estar ansioso. Depois há fatores extra, como o público e a comunicação social. Nestes jogos, o treinador nem precisa de motivar os jogadores. Eles motivam-se com o que se passa durante a semana, com o que se diz, com o que se escreve…
Qual foi o Clássico ou o momento que mais o marcou?
O meu primeiro Clássico foi importante. Fiz o primeiro golo do jogo ao Michel Preud’Homme e ganhámos 3-1. Foi importantíssimo para a conquista do penta. Mas à parte disso, sempre tive muita sorte, porque nos jogos grandes marcava sempre golo. Como se diz, ‘molhava sempre a sopinha’.
Nos últimos dias, do lado do Benfica, têm existido várias polémicas com suspensões a dirigentes, não comparência a eventos da FPF, conflitos entre claques… Acha que assuntos como estes podem influenciar a partida?
Os jogadores não ligam a isso. São coisas paralelas. Eu nem gosto de falar nestas coisas porque já ando há muitos anos nisto e sei como funciona. Os jogadores e treinadores não pensam nisso. Se perguntar aos jogadores sobre assuntos desse género, eles vão lhe responder que não sabem, porque nem se interessam. São coisas tóxicas.
Ultimamente temos vindo a falar muito sobre a mística e sobre os ‘jogadores à Porto’. No seu tempo, o FC Porto tinha nomes como Jorge Costa, Vítor Baía, Capucho, Paulinho Santos… Acha que o FC Porto carece de jogadores desta fibra?
O FC Porto foi sempre assim. E neste momento está a criar esses jogadores. Todas as equipas do mundo passam por processos menos positivos e o FC Porto passou por essa fase. Mas nota-se que existem jogadores que sentem o clube. Jogadores à moda antiga é que é muito difícil de encontrar, obviamente. Mas há uma melhoria em relação a isso. Muitos jogadores estão a encarnar nesse espírito e o FC Porto só ganha com isso.
Quando Nuno Espírito Santo chegou ao FC Porto, ele veio com uma premissa: ganhar títulos. Acredita que se o campeonato fugir, o técnico azul e branco pode estar em maus lençóis?
Não acredito. O Nuno está a fazer um bom trabalho e não se pode julgar o trabalho de um ano. Acho que ele está a fazer um trabalho notável e ele está a transmitir aquilo que foi enquanto jogador e se há jogador que conhece bem aquela casa é ele. O Nuno está a crescer cada vez mais como treinador. Acho que o Nuno é o homem certo para o clube, o homem do presidente, da direção, e não é bom estar sempre a trocar, porque vai estragar o processo que o FC Porto está a fazer.