"Eu entrei no Sporting como treinador, mas a minha missão não é essa, não é a posição que o senhor Vercauteren tem", começou por responder Jesualdo Ferreira, sem disfarçar sinais de irritação, quando questionado se os sportinguistas não o irão ver sentado no "banco" até final da época.
O manager dos leões explicou que a sua missão é "apoiar e suportar tudo aquilo que são as estruturas técnicas do Sporting" e, acima de tudo, "pressionar e ser exigente" com toda a gente, inclusive "com os jogadores", o que não implica "estar no banco ou no campo" para exercer essas funções ou "pôr alguém em causa".
De resto, Jesualdo Ferreira garantiu que, se fosse para outra posição, "não teria vindo" para o Sporting.
"Não poderia ajudar o Sporting a não ser naquilo que sei. Por isso, essa questão não se põe", replicou Jesualdo Ferreira, para quem é importante "manter os melhores jogadores", até porque a saída de alguns obriga à entrada de outros, o que implica "haver dinheiro" para o fazer.
Por outro lado, em relação à constituição do plantel, observou que há momentos em que as coisas que se desejam "não são exequíveis", porque o que se pretende, em termos de compra e venda de jogadores, "não coincide com o que o mercado quer".
Neste contexto, Jesualdo sublinha a necessidade de fazer "uma leitura clara e profunda" sobre aquilo que é, neste momento, a realidade do plantel e "encontrar as soluções, com alguma calma e tranquilidade, para que "não se possam cometer erros que depois são irreversíveis".
Questionado sobre a situação concreta de Marat Izmailov, em relação à vontade do jogador continuar ou não, Jesualdo Ferreira enalteceu "a qualidade" do médio russo, "um grande jogador", mas admitiu que poderá haver da parte dele e do Sporting "eventualmente interesse que o contrato não continue", sem esquecer "a avaliação que é preciso fazer do rendimento" do atleta em Alvalade.
Quanto ao momento em que será feita a avaliação ao trabalho de Franky Vercauteren, o novo manager foi lacónico: "Quando for altura de o fazer...".
Jesualdo Ferreira ainda confessou que "gostaria" que esta sua experiência em Alvalade "fosse a última da carreira" e evocou a sua lembrança dos tempos de Vercauteren como jogador, quando, em 1988, ao serviço do Benfica, defrontou em Bruxelas o Anderletcht, nos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus, qualificando-se para a final da prova, frente ao PSV Eindhoven.
Como espectador, viu Vercauteren "ganhar a Taça UEFA pelo Anderlecht, ao Benfica, além de ter testemunhado várias exibições do actual treinador belga pela selecção do seu país.
"Como jogador, era de `top´. Como pessoa, do que eu me apreendi hoje, é excelente. É experiente, tem uma visão clara das coisas, e posso avaliá-lo, porque sou português, mas fui estrangeiro muitas vezes em muitos clubes e sei que não é fácil", referiu Jesualdo Ferreira, assegurando que Vercauteren irá ter a sua "ajuda permanente desde o primeiro ao último dia".
Face à hipótese do treinador belga se sentir eventualmente ameaçado por ter um manager que é treinador no activo, Jesualdo contrapôs que, ao longo da sua carreira, sempre teve "gente por cima" e que nem por isso "se sentiu alguma vez atemorizado".
Jesualdo Ferreira ainda abordou a actual posição da equipa de futebol na tabela classificativa, ao defender a ideia de que "ainda faltam 18 jogos e muitos pontos para disputar" e que "é possível chegar ao terceiro lugar, que garante uma presença na pré-eliminatória da Liga dos Campeões".
"O Sporting de Braga está a nove pontos, não vejo que seja impossível", rematou Jesualdo, para quem a preocupação imediata é "pôr a equipa a jogar bem e a ganhar".