Fabio Capello marcou, esta sexta-feira, presença na edição de 2025 do Festival Desportivo de Trento, em Itália, onde recordou, abertamente, alguns dos momentos mais marcantes da carreira, entre eles, o (curto) período durante o qual orientou o Real Madrid, pela segunda vez, entre 2006 e 2007.
Feitas as contas, o treinador italiano ocupou o cargo por 50 partidas oficiais, ao cabo das quais somou 28 vitórias, 12 empates e dez derrotas. Pelo meio, teve de lidar com um 'problema' chamado... Ronaldo Luís Nazário de Lima, considerado por muitos como um dos melhores jogadores da história do futebol mundial.
Apesar das credenciais de que usufruía, o internacional brasileiro foi utilizado em apenas 13 ocasiões (com quatro golos na contagem individual), uma circunstância que, revela, agora, o 'veterano' de 79 anos de idade, se deveu, sobretudo, à maneira como este se comportava, fora das quatro linhas.
"Era o líder negativo do Real Madrid, e estou a falar do melhor jogador, Ronaldo. Era uma pessoa que gostava de sair para as festas todas as noites, em Baldori, que pesava 94 quilogramas e que não queria emagrecer", começou por afirmar, em declarações reproduzidas pelo jornal espanhol Marca.
"Em dado momento, disse ao presidente [Florentino Pérez] que tínhamos de deixá-lo sair, porque, aqui, não havia esperança de seguir em frente. E deixámos que se fosse embora. Mas, repito, foi o melhor jogador que alguma vez treinei", prosseguiu.
"Depois de deixá-lo sair, voltámos a começar e conquistámos o campeonato, mas há que tomar este tipo de decisões. Há que perceber onde é que está o problema", rematou, referindo-se à tão badalada transferência para o AC Milan, em janeiro de 2007, a troco de uma verba na ordem dos 7,5 milhões de euros.
"Têm outro treinador. Vou-me embora"
Fabio Capello recordou, ainda, um caricato episódio vivido ao intervalo de uma partida na qual o marcador exibia um 0-0, pelo que teve de 'puxar dos galões': "Entro no balneário e não digo nada durante uns minutos. Eu queria entender o que havia de dizer, como intervir. Depois, digo 'Rapazes, temos de fazer isto, isto e isto'. Todos eles atentos".
"Acabo de falar e [Clarence] Seedorf, com 18 anos de idade, levanta-se e diz 'Não, eu faria isto, isto e isto'. Aproximo-me dele, dou-lhe o meu casaco com o emblema do Real Madrid e digo-lhe 'Têm outro treinador. Vou-me embora'. E saí do balneário", concluiu, entre risos.
O percurso de Fabio Capello... e Ronaldo
A carreira de Fabio Capello no mundo do futebol começou ainda enquanto jogador, ao serviço da SPAL, de onde se projetou para AS Roma, Juventus e AC Milan. Foi, de resto, precisamente nos rossoneri onde se tornou treinador, primeiro, nas camadas jovens, e, depois, ao mais alto nível. Daí em diante, seguiu-se um percurso rico em títulos, ao leme de Real Madrid, AS Roma, Juventus e Jiansgu Suning, isto, sem esquecer as experiências enquanto selecionador de Inglaterra e Rússia.
Ronaldo, o 'Fenómeno', por seu lado, formou-se entre São Cristóvão e Cruzeiro, tendo chegado à Europa pela 'porta' do PSV, em 1994. Brilhou e passou por Barcelona, Internazionale, Real Madrid, AC Milan e, finalmente, Corinthians, onde acabou por 'pendurar as chuteiras', em 2011.
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