Tiago Pinto foi um dos muitos oradores do Portugal Football Summit desta sexta-feira, neste segundo dia do evento na Cidade do Futebol. No entanto, o diretor desportivo do Bournemouth, da Premier League, não falou sobre o presente em Inglaterra, mas sim do presente do clube do qual é sócio, o Benfica, onde revelou sonhos, preocupações e previsões sobre as eleições do próximo dia 25 de outubro.
"Desde pequeno sonhei que podia ser presidente do Benfica, mas, vendo o que está a acontecer, teria zero votos, porque não tenho capacidade de ser demagogo ou populista. As minhas ideias são pouco populares. Vejo pessoas preocupadas em aumentar o estádio, mas não vejo ninguém a discutir porque é que a Liga dos Campeões não enche. Fala-se em ganhar quatro campeonatos em quatro anos, mas não se discute quanto dinheiro se gasta em jogadores todos os anos", começou por dizer na sua intervenção no Portugal Football Summit.
"Para o futebol português evoluir, Benfica, Porto e Sporting têm de dialogar e parar com a degradação pública do futebol português. Se todas as semanas tivermos os três clubes a atacarem-se mutuamente, estamos a deteriorar o produto. Como é que queremos vender um campeonato assim? Neste momento histórico, com presidentes de uma nova geração, havia uma oportunidade espetacular para mudar isto. O problema é que as poucas vezes que ligo a televisão é sempre a mesma coisa", continuou o dirigente português, antes de se pronunciar sobre os candidatos à presidência do Benfica.
"Os adeptos do Benfica não vão gostar de ouvir isto, mas tenho uma grande admiração pelo André Villas-Boas e pelo Frederico Varandas. Acho que são dois presidentes com coragem, liderança e que têm feito um bom trabalho. Há uma coisa que eu não entendo: toda a gente quer mudar o futebol português, mas depois chegamos aos problemas de sempre — arbitragem e estas cabeçadas — e todos fazem o mesmo", disse o diretor desportivo do Bournemouth, da Premier League.
"Prometem treinadores, dirigentes, jogadores... muita coisa. Mas aquilo que eu gostava de ver debatido são as questões verdadeiramente importantes para o Benfica. O clube tem uma situação económica difícil e, em oito anos, ganhou dois campeonatos. Acho curioso que se fale de tudo menos do projeto desportivo e económico", referiu.
"A demagogia é de toda a gente. Não me quero pôr num pedestal, mas como sócio esperava ver projetos e ideias. Em vez disso, já entrámos na fase do ataque pessoal, algo muito normal nas eleições, e no final do dia quem perde é o Benfica [...] Neste momento, como depreende pelas minhas palavras, não consigo votar em ninguém", atirou Tiago Pinto.
A contratação de José Mourinho e a amizade com Bruno Lage
Numa posição sempre complicada, Tiago Pinto foi questionado sobre o despedimento de Bruno Lage, seu amigo, do cargo de treinador do Benfica, revelando ainda que José Mourinho é "o melhor treinador português da história" e que tem tudo para correr bem no clube da Luz.
"Obviamente é sempre uma situação difícil para mim posicionar-me, porque tenho uma relação pessoal com o Bruno Lage e ele acabou de ser despedido do Benfica. Como meu amigo, não fico satisfeito", admitiu.
"Obviamente que não podemos tratar José Mourinho como qualquer treinador. José Mourinho é o melhor treinador da história do futebol português e um dos melhores treinadores da história do futebol mundial", afirmou.
"Neste momento histórico do Benfica, acho que tem tudo para funcionar bem. Se calhar, o Benfica precisava deste tipo de liderança e eu desejo honestamente que o Benfica ganhe sempre e que o José Mourinho ganhe, que é a única maneira de eu ver o meu pai e a minha família contentes", concluiu.
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