Escândalo do Benfica na Champions atira Bruno Lage para o 'olho da rua'

Drama, desilusão e demissão. Não era este o Dia D que o Benfica desejava. A surpreendente reviravolta sofrida aos pés do Qarabag (2-3) na estreia na fase regular da Liga dos Campeões, esta terça-feira, motivou uma tremenda contestação no Estádio da Luz e, já durante a madrugada desta quarta-feira, o despedimento do treinador Bruno Lage, anunciado pelo presidente Rui Costa. A noite foi de choque e os efeitos foram praticamente imediatos, com José Mourinho 'à espreita' para a sucessão.

Quanto ao jogo, a entrada das águias até foi demolidora, com os golos de Enzo Barrenechea (6') e Vangelis Pavlidis (16'), ambos com direito a assistência de Georgiy Sudakov (a grande novidade no onze inicial), mas a verdade é que tudo mudou de repente, sem que nada o fizesse prever na altura.

Leandro Andrade (30'), nascido em Portugal e internacional por Cabo Verde, fez soar o primeiro alarme para os encarnados e o resultado só não voltou a mexer até ao intervalo porque Anatoliy Trubin assim o impediu. O Benfica ansiava por mais golos, atendendo ao facto de estar a defrontar o adversário, em teoria, mais fácil, até que o inesperado aconteceu.

O Qarabag não empatou antes do intervalo, empatou depois. Camilo Durán (48'), ex-Portimonense, 'gelou' os mais de 50 mil adeptos presentes na Luz, intensificando mesmo a assobiadela que já se fizera sentir à beira do tempo de descanso.

Se as coisas estavam más para o Benfica, pior ficaram na reta final, quando Oleksii Kashchuk (86') aproveitou a passividade da defesa do Benfica para assinar a 'cambalhota' e, com isso, fazer despoletar ainda mais assobios e lenços brancos nas bancadas.

Gritava-se por "demissão" e, face ao desagrado de Rui Costa, a noite de choque e escândalo total viria mesmo a terminar com o despedimento de Bruno Lage, sensivelmente um ano após a saída de Roger Schmidt.

Vamos então às notas da partida:

Figura

Camilo Durán esteve em dois dos três golos do Qarabag e só não esteve noutro porque Anatoliy Trubin impediu. O ex-Portimonense, que ainda há um mês estava a jogar na II Liga, estreou-se a marcar pelo clube do Azerbaijão com o golo do empate, assinado ao minuto 48, mas antes disso já havia contribuído com uma assistência para o golo de Leandro Andrade na primeira parte. 

Surpresa

E por falar em Leandro Andrade, o primeiro golo do Qarabag foi, por si só, uma surpresa, sendo que coube ao internacional por Cabo Verde a responsabilidade de iniciar uma reviravolta que teve tanto de histórica, como de inesperada. Longe de Portugal (onde nasceu) desde que deixou o Fátima, em 2020, o ex-Sporting apresentou-se em bom plano até ao minuto 66, altura em que foi substituído.

Desilusão

Samuel Dahl esteve muito abaixo das expectativas, não só no capítulo defensivo, mas também na vertente ofensiva. Com várias perdas de bola durante os 90 minutos em que esteve em campo, o internacional sueco perdeu todos os duelos e, sem espaço para brilhar lá na frente, ainda 'pecou' atrás, sobretudo em função da tremenda passividade com que abordou o lance que ditou a 'cambalhota' na Luz.

Treinadores

Bruno Lage trocou Tomás Araújo e Franjo Ivanovic por Amar Dedic e Georgiy Sudakov, respetivamente, numa noite em que mal sabia o que teria pela frente. O treinador de 49 anos não soube dar seguimento à entrada supersónica em campo e, perante o crescimento do adversário, apenas iniciou a saga das substituições a 20 minutos do fim. A forte contestação foi a sentença final no seu percurso no Benfica.

Gurban Gurbanov tem sido a principal cara responsável pelo sucesso do Qarabag, dentro e fora do Azerbaijão, num clube onde já se encontra desde 2008. O trabalho de casa fez-se sentir na Luz, com uma das remontadas mais incríveis da sua história, em que soube como explorar as fragilidades de um adversário incapaz de comprovar o seu favoritismo em campo.

Árbitro

Erik Lambrechts protagonizou uma arbitragem segura e coerente, sem margem para casos polémicos, de tal forma que nem precisou de recorrer ao sistema de videoarbitragem para corrigir qualquer decisão. O único lance a passar pelo crivo do VAR foi o golo anulado a Mustafazada, por fora de jogo, ao minuto 65, validando a postura certeira de um dos árbitros assistentes.

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