Pouco mais de meio ano depois de ter sido adquirido ao São Paulo, a troco de uma verba na ordem dos nove milhões de euros por 80% dos direitos económicos, William Gomes começa, de uma vez por todas, a conquistar o seu espaço, no plantel principal do FC Porto.
O jogador de apenas 19 anos de idade começou a temporada como suplente, mas aproveitou a lesão contraída pelo compatriota Pepê para mostrar aquilo que vale, com dois golos marcados em tantos outros jogos, que ajudaram os dragões a derrotar, primeiro, o Casa Pia, por 4-0, e, depois, o Sporting, por 1-2.
Em entrevista concedida à edição desta sexta-feira do jornal O Jogo, Luis Zubeldía, que orientou o avançado ao serviço do emblema tricolor, revelou que, quando "estava a entrar e já falavam imenso dele, pela sua velocidade e personalidade para encarar disputas individuais, mas o que era mais destacado era o seu vínculo com o golo".
"Penso que é um jogador que tem potencial alto com ele e que, pouco a pouco, vai aumentando cada vez mais essa agressividade ofensiva. Mas aquilo que o define será sempre essa capacidade goleadora, que pode vir de um remate ao ângulo ou através de ações individuais, com centros para golo", começou por afirmar.
"É muito difícil controlar o mercado, é algo que controlam os clubes. No meio está o jogador e, quando se começa a falar de uma possível venda, é muito complicado gerir o atleta, porque ele não entende que possa existir a possibilidade de ser suplente", prosseguiu, a propósito do processo de saída, em janeiro de 2025.
"Quando se soube que o FC Porto o queria contratar por tantos milhões, imagina como seria deixá-lo no banco. Aí, surgem questões de como responderia a sua cabeça, a sua família e os próprios adeptos. Sei que ele sai a querer mais minutos, mas também sei que ele iria ter cada vez mais...", completou.
"Sabia que esses seis meses seriam muito duros"
Na mesma entrevista, o treinador argentino recordou a jovem promessa como alguém que "perguntava muito como devia pressionar e como devia posicionar-se com a bola em determinado lugar no relvado, e apontou como "maior virtude" o facto de ter "a visão da baliza entre os olhos".
A terminar, procurou explicar as dificuldades de afirmação na segunda metade da passada temporada, sob as ordens de Martín Anselmi: "Sabia que esses seis meses seriam muito duros para ele, por vários motivos. O treinador também era novo e teria a tentação de procurar jogadores com maior experiência. Depois, o William não é muito expressivo e, se não o acompanhares no dia a dia, pode cair mentalmente. O que acontece a todos os que querem jogar e estão fora do seu país".
"Por fim, havia que ter em conta a adaptação, conhecer a posição onde seria colocado por Anselmi, para ver que desdobramentos teria de fazer, o que podia gerar, a velocidade da própria Liga, a sua colisão com os rivais. Havia todo um contexto por assimilar de um momento para o outro. Não tinha qualquer possibilidade de encontrar o verdadeiro nível, que encontrou esta temporada, com [Francesco] Farioli", completou.
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