O Liverpool recebeu e bateu, esta sexta-feira, o Bournemouth, por 4-2, numa partida enquadrada na jornada inaugural da Premier League, que ficou marcada por uma 'enchente' de homenagens a Diogo Jota, internacional português de 28 anos de idade que morreu, no passado dia 3 de julho, na sequência de um acidente de viação, em Espanha.
No entanto, aquilo que tinha tudo para ser um dia repleto de emoções, em Anfield Road, acabou por ficar manchado por um caso de racismo que teve como alvo Antoine Semenyo, uma das principais figuras da equipa orientada pelo treinador espanhol Andoni Iraola, que fez o gosto ao pé por duas ocasiões, aos 64 e aos 76 minutos.
À passagem dos 28 minutos, o internacional ganês preparava-se para efetuar um lançamento de linha lateral, quando foi interpelado por um adepto adversário. O próprio denunciou o caso, junto da equipa de arbitragem liderada por Anthony Taylor, que interrompeu de imediato o jogo, para que o homem de 47 anos de idade fosse identificado pelas autoridades e, de seguida, expulso do estádio.
No entanto, a história não se ficou por aqui. Mais tarde, através das redes sociais, o jogador de 25 anos de idade lamentou um comentário que lhe foi dirigido por parte de um seguidor, com uma série de 'emojis' de macacos, partilhando uma imagem do mesmo, acompanhado da legenda: "Quando é que vai parar?".
© Instagram Antoine Semenyo
Premier League já investiga o caso
A Premier League reagiu, entretanto, à polémica, através de um comunicado partilhado através das plataformas oficiais: "O jogo de hoje, entre Liverpool e Bournemouth, foi temporariamente pausado, durante a primeira parte, após um relato de abuso discriminatório por parte do público, dirigido a Antoine Semenyo, do Bournemouth. Isto está alinhado com o protocolo anti-discriminação em campo da Premier League".
"O incidente, em Anfield, será, agora, totalmente investigado. Nós oferecemos o nosso total apoio ao jogador e a ambos os clubes. O racismo não tem lugar no nosso desporto ou em qualquer parte da sociedade. Iremos continuar a trabalhar com as partes interessadas e as autoridades para garantir que os nossos estádios oferecem um ambiente inclusivo e acolhedor para todos", completa.
A Federação Inglesa de Futebol (FA), por seu lado, mostrou-se "bastante preocupada com as alegações de discriminação por uma parte do público, que foi reportada aos oficiais de jogo", comprometendo-se a fazer de tudo para "estabelecer os factos e garantir que será tomada uma ação apropriada".
O próprio Liverpool fez, também ele, questão de condenar este episódio, mostrando-se contra "o racismo e a discriminação, de todas as formas", e assegurando que irá colaborar sem reservas com a investigação por parte das autoridades policiais.
"Totalmente inaceitável"
Uma das posições mais veementes contra o sucedido partiu da voz do capitão do Bournemouth, Adam Smith, na zona de entrevistas rápidas da estação televisiva britânica Sky Sports: "É totalmente inaceitável. Estou em choque pelo facto de aquilo ter acontecido. Ao dia de hoje, isto não deveria acontecer. Não sei como é que o Ant continuou a jogar e marcou aqueles golos".
"Lamento pelo Ant. Ele está um pouco abatido. Algo precisa de ser feito. Ajoelharmo-nos não servirá de nada. Iremos apoiá-lo e esperemos que fique bem. Quis que ele reagisse, porque é isso que eu teria feito. Teria ido diretamente para lá. O facto de ele não ter reagido, de ter continuado a jogar e de ter reportado ao árbitro demonstra o tipo de homem que é", rematou.
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