"A FIFA está extremamente desapontada pelo tom cada vez mais divisivo e contraditório adotado pela liderança da FIFPro, uma vez que esta abordagem mostra claramente que em vez de engajar em diálogo construtivo, escolheu perseguir um caminho de confronto público e batalhas artificiais de relações públicas", pode ler-se em comunicado hoje divulgado.
Antes, a organização sindical tinha criticado o modelo "autocrático" adotado pelo organismo de cúpula do futebol mundial, que os deixou à margem das conversas e reuniões com vista às medidas com que agora lhes responde.
"Em 12 de julho, após um período de tentativas sem sucesso de trazer a FIFPro à mesa num ambiente de não hostilidade e diálogo respeitoso e progressivo, a FIFA reuniu-se com múltiplos sindicados de jogadores em Nova Iorque, anunciando e reafirmando medidas progressivas e concretas para proteger o bem-estar físico e mental de jogadores mundiais", defendem.
Um mínimo de 72 horas entre jogos, um mínimo de 21 dias de férias no fim de cada temporada e numerosas outras medidas relacionadas com representatividade de jogadores, desenvolvimento do futebol no feminino e acordos coletivos de trabalho estão entre as medidas agora reiteradas pela FIFA.
"A FIFA está extremamente surpreendida pela reação da liderança da FIFPro. Em vez de abraçar estes anúncios sem precedentes, que beneficiam jogadores em todo o mundo, responde com uma série de ataques pessoais e desrespeitosos", lamentam.
Ainda assim, e reforçando mais uma vez todas as ações que tem tomado nos últimos anos para proteger jogadores e mudar o futebol para preservar a sua saúde, convidam a organização sindical "a voltar à mesa de negociações, assim que pararem com chantagem e retirarem as suas queixas, quando publicarem os seus estatutos, os relatórios financeiros completos, e a lista completa de indivíduos que dizem representar".
Hoje, 60 dos sindicatos membro da FIFPro reuniram-se em Hoofddorp, nos Países Baixos, para se posicionarem contra a FIFA, na sequência do seu afastamento das negociações.
Segundo o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, que também integra o 'board' mundial da FIFPro, a reunião afirmou "a união entre os sindicatos membro na legitimação dos dirigentes da FIFPro para representar e defender os interesses das jogadoras e dos jogadores".
"Isso significa que a FIFA não pode simplesmente ignorar uma organização legitimada e reconhecida democraticamente, só porque não gosta de ser confrontada para a resolução dos problemas. É inaceitável que se continuem a ignorar direitos fundamentais e necessidades básicas dos jogadores", notou Evangelista, citado em comunicado.
Para a FIFPro, o modelo atual no pós-Mundial de clubes evidencia que o organismo de cúpula do futebol mundial tem agido sob um "modelo de governação autocrático", colocando "a saúde e o bem-estar dos jogadores em risco".
"A má gestão dos calendários internacionais e os problemas causados pela fadiga e carga excessiva a que são submetidos os jogadores, somada à realização das provas em condições climatéricas extremas, colocam em causa os seus direitos fundamentais", conclui aquela organização.
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