Dividida em duas assembleias gerais, uma ordinária e outra extraordinária, a FPF reuniu-se durante a manhã na Cidade do Futebol, em Oeiras, resultando primeiro na aprovação por "unanimidade e aclamação" do orçamento, o primeiro perante a liderança de Pedro Proença e que prevê gastos de cerca de 143,1 milhões de euros (ME) e receitas de 146,2 ME, levando a uma previsão de lucro de cerca de 3,1 ME.
Estes montantes, que são ainda a mais volumosa previsão de gastos de sempre, são inflacionados pela incorporação das empresas da égide federativa, dedicadas a eventos, infraestruturas, fundação, Canal 11, formação [Academy] e comercial.
Neste documento, a direção da FPF prevê receber cerca de 17 ME com a seleção principal no Mundial2026, um montante correspondente à chegada aos oitavos de final da prova, e ainda dois ME previstos para a seleção feminina no Europeu 2025.
A FPF conta também com aproximadamente 39,2 ME de receitas provenientes dos Jogos Sociais e 20,277 ME resultantes do contrato de material desportivo, em vigor desde 01 de janeiro último, depois de várias épocas com receitas fixadas em 8,83 ME e de 16,24 na temporada que agora termina.
Por outro lado, em conferência de imprensa realizada após as reuniões magnas, o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Luís Campos Ferreira, frisou o particular desagrado dos delegados com as 'exigências' estatutárias do IPDJ, que levaram à maioria das alterações aprovadas, aplaudindo um "sentido de responsabilidade".
Entre as propostas de revisão estatutária, imposta pelo IPDJ, está o reforço dos poderes do presidente da FPF na contratação e na gestão do pessoal ao serviço, incluindo selecionadores e equipas técnicas, em vez de estas serem deliberadas em decisão colegial pela direção, entre outras dezenas de alterações impostas.
"Foram aprovadas por unanimidade, mas não por aclamação. Estas alterações estatutárias não vão responder às ansiedades e à visão que os delegados da AG têm sobre como devem ser distribuídos os poderes e competências na FPF. Não estão de acordo, mas tiveram o sentido de responsabilidade para permitir que a alteração fosse feita, pois, se assim não fosse, a FPF poderia perder o seu estatuto de utilidade pública, o que era gravíssimo", salientou ainda Luís Campos Ferreira.
Desta forma, a responsabilidade "sobrepôs-se à indignação", embora esta tenha sido demonstrada, com "um grande sentimento de injustiça, intromissão indevida e revolta", mas com esperança na reversão, "em reuniões com o poder político".
"O presidente comprometeu-se, antes da votação, a transferir na íntegra todos os poderes em vigor para a AG. Faz questão de continuar uma perspetiva de princípio democrático pleno com a participação de todos. O incómodo com esta posição do IPDJ não se ultrapassou. Felizmente, o futebol português pode funcionar com as dinâmicas que tem hoje e não necessita desta ajuda do IPDJ, certamente bem intencionada, mas mal recebida", realçou o diretor financeiro da FPF, Vasco Pinho.
A alteração estatutária também levou à criação de três novos órgãos consultivos -- Comité de Ética, Conselho Superior e Conselho Estratégico -, tal como a troca da denominação da Comissão de Ética e do Fair Play só para Comissão do Fair Play.
O Regulamento Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) para a época 2025/26 foi igualmente ratificado, sendo também aprovados os votos de louvor à seleção principal masculina, pela conquista da Liga das Nações, seleção sub-17, campeã europeia da categoria, e a Luciano Gonçalves, pelo trabalho que desenvolveu enquanto dirigente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol.