Com o aproximar das eleições para a presidência do Benfica, os adeptos começam a perfilar o próximo líder do clube da Luz, assim como as primeiras tomadas de decisão que terá de realizar, como definir a sua posição quanto às relações com os emblemas rivais e à política de mercado de transferências.
Em declarações exclusivas ao Desporto ao Minuto, José Manuel Capristano fez um balanço do trabalho de Rui Costa, frisando que quem vencer as eleições deverá colocar o Benfica no lugar que merece.
"Como dizia o Jorge Jesus, o fairplay é uma treta"
As polémicas sobre a arbitragem têm 'assombrado' o futebol português neste final de temporada e o candidato às presidências das águias em 1994 pede mão firme para estes casos.
"Tem de se colocar o Benfica no lugar que merece. Não tem de ser beneficiado nem prejudicado, e sendo o Benfica a maior entidade desportiva em todos os âmbitos, o Benfica tem de se pôr no seu lugar. Agora, o Benfica estar a ser prejudicado e nós estarmos a ver, de braços cruzados e não fazer nada, é péssimo, porque não tem reação. O Benfica tem de ter ação e reação", começou por dizer o antigo dirigente do clube da Luz.
"Penso que o fairplay é muito bonito, mas como dizia o Jorge Jesus, o fairplay é uma treta. Os adeptos são adeptos do fairplay e eu também, mas só se os outros também usarem o fairplay. Agora se os outros não usarem outros métodos, nós com o fairplay perdemos sempre", acrescentou.
"Temos de reagir, e não é ir com conversas, é levar vídeos que englobem as irregularidades, que são muitas, é isso que o Benfica deve fazer! Na minha opinião, acho que o Benfica devia ser mais atuante em termos de protesto, mas protesto justo! Levar os vídeos, não é só conversa", atirou Capristano.
"Aquilo que se passa na final da Taça de Portugal é um escândalo. Está um jogador no chão, é agredido nas costas e depois pisado na cabeça e não passa nada? Ainda é falta contra o Benfica? Por amor de Deus... Não é por ser benfiquista, mas é escandaloso... E ainda por cima há pessoas que dizem que têm dúvidas... Tenham vergonha", confessou o benfiquista.
Futebol português precisa de paz
A 'guerra de comunicados' veio trazer um clima de instabilidade entre os três grandes, principalmente entre Benfica e Sporting dados os acontecimentos passados na final da Taça de Portugal, quando Matheus Reis pisou a cabeça de Andrea Belotti.
"Rui Costa, até por ter sido um jogador de eleição, tem uma concessão de fairplay e elegância... O futebol português precisa da união dos três grandes. De todos, mas dos três grandes principalmente, e realmente, um clube que é profundamente prejudicado tem de reagir e depois, as outras partes também reagem", refletiu.
"A paz no futebol português é uma paz podre. É muito difícil qualquer clube dizer que o adversário ganhou por ter sido melhor. Não sei se Rui Costa se dá bem ou mal com os outros presidentes, mas tem a sua forma de atuar. Eu defendo a tese de que, se somos prejudicados, temos que ir reclamar. Também seria bonito, se alguma vez fôssemos beneficiados também dizer que o fomos", complementou.
Atuação do scouting deve ser revista
A política de transferências do clube é algo que tem vindo a ser alvo de críticas, dado que não se aposta na formação da casa para ir buscar jogadores jovens ao estrangeiro e pode-se mesmo afirmar que há quem peça para se 'pescar' mais na I Liga.
"Ninguém percebe mais de futebol do que o Rui Costa, ele tem as portas abertas em todos os clubes por onde passou. Agora, o principal problema é, e não sei a relação do presidente com o treinador e vice-versa, mas a última palavra das aquisições tem de ser do presidente", afirmou José Manuel Capristano.
"O Benfica esquece-se que, em Portugal, ou portugueses ou a jogar nos nossos campeonatos, há jogadores de elite. Veja-se o caso do Diomande, que o Sporting foi buscar ao Mafra, ou o caso do Pote, que o foram buscar ao Famalicão, ou até do Taremi, que já estava cá no Rio Ave. Há tantos jogadores que singram nos clubes grandes vindos de clubes pequenos. E raramente eu vejo o Benfica a adotar este sistema", continuou.
"Vai-se sempre buscar jogadores estrangeiros, caríssimos, depois, uns adaptam-se e outros não se adaptam, e vai-se tirando dinheiro dos cofres. Claro que também temos os casos como Di María, que é capaz de ser dos melhores estrangeiros que já passou em Portugal. Agora, acho uma grande pecha o scouting do Benfica não se preocupar com os talentos que existem no futebol português em clubes inferiores", reiterou o ex-candidato à presidência do clube encarnado.
João Félix é bem-vindo
Os regressos de antigos jogadores são sempre momentos emocionantes para os adeptos de qualquer clube. O Benfica não é exceção. Os rumores de que João Félix pode estar de volta ao clube da sua formação são bem-vindos pelos adeptos e até por ex-dirigentes.
"Cada caso é um caso, mas acho que é humano e normal que se goste destes regressos. Realmente, temos tido algum azar, porque os jogadores que chegam vêm com deficiências físicas, mas não há nenhum benfiquista que não queira ver novamente o João Félix a jogar pelo Benfica, ainda por cima, com apenas 25 anos. Não tem 30 ou 32, tem 25", assumiu.
"Que é difícil esse regresso, é. Por aquilo que ele ganha e por aquilo que o Chelsea certamente pede por ele. Mas, se o Benfica conseguir, sem loucuras, fazer essa aquisição, acho que há unânimidade por parte dos adeptos em como, realmente, é um jogador de eleição, foi de eleição quando cá esteve, é verdade que tem andado perdido, mas ainda assim vai à seleção nacional e tem jogado em clubes de topo internacional, não em equipas de terceira dimensão", concluiu.
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