Bruno Costa Carvalho recorreu às redes sociais, esta quarta-feira, para comentar as notícias que dão conta de um eventual interesse do Benfica em 'repescar' jogadores como João Félix, Victor Lindelof ou Nélson Semedo, vincando tratar-se de uma "má ideia no modelo de gestão atual", cuja necessidade deveria apontar à "contratação e desenvolvimento de jogadores jovens".
"O regresso de jogadores é má ideia no modelo atual de gestão do Benfica. O regresso de antigos jogadores ao Benfica, por mais emocionalmente apelativo que seja para adeptos e para os próprios atletas, revela-se uma má decisão do ponto de vista estratégico e financeiro. Esta política não está alinhada com o modelo de negócio que o clube tem vindo a seguir: um modelo altamente dependente da geração de mais-valias com a valorização e venda de jogadores. O Benfica é um clube que, devido ao seu excesso de despesa sistémico, está estruturalmente obrigado a realizar vendas avultadas todos os anos, muitas vezes na ordem dos 70 a 80 milhões de euros", começou por escrever o antigo candidato à presidência das águias.
"Esta necessidade impõe uma lógica de negócio que privilegia a contratação e o desenvolvimento de jogadores jovens, com margem de progressão, que possam ser valorizados e vendidos com lucro significativo. O retorno de jogadores veteranos ou com passado no clube não serve esse objetivo. São atletas que, na maioria dos casos, já atingiram o pico da sua valorização de mercado e não gerarão receitas relevantes em futuras transferências. Em muitos casos, não gerarão qualquer receita de venda, sendo eventualmente libertados a custo zero ou terminando os contratos em fim de carreira. Pior: o seu regresso muitas vezes implica salários elevados, prémios de assinatura substanciais e um impacto direto no tempo de jogo e desenvolvimento dos jogadores mais jovens, que ficam assim tapados", vincou de seguida.
"Esta abordagem resulta, na prática, num ciclo insustentável: devido aos gastos excessivos, devido ao seu despesismo endémico, o Benfica vê-se forçado a vender demasiado depressa, não retirando o devido rendimento desportivo e comprometendo a construção sustentada de uma equipa competitiva a médio prazo. Para quebrar este ciclo, é necessário um modelo de gestão completamente diferente, cortando com o novo-riquismo, racionalizar custos e adoptar uma política desportiva de retenção de talento que permita sucesso desportivo antes de proceder às inevitáveis vendas que acontecerão, não por necessidade de tesouraria, mas pelo apelo que outros campeonatos têm e pelas melhores condições financeiras que naturalmente oferecem aos atletas", atirou ainda.
"O romantismo tem o seu lugar no futebol, mas não pode condicionar decisões estruturais. O Benfica precisa de pensar com clareza e com visão estratégica e isso implica dizer 'não' ao passado e focar-se no futuro", completou Bruno Costa Carvalho, em jeito de alerta a Rui Costa, atual presidente dos encarnados.
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