O antigo internacional português Beto concedeu, este domingo, uma extensa entrevista ao jornal A Bola, na qual, entre outros temas, recordou a final da Liga Europa de 2014, que venceu diante do Benfica.
Na altura nos espanhóis do Sevilla, o ex-guarda-redes esteve em destaque no desempate por grandes penalidades, ao defender um castigo máximo de Óscar Cardozo. Um lance que continua a gerar muitas críticas junto dos encarnados.
Beto confessou que alguns adeptos das ainda o continuam a abordar por conta desta situação polémica, mas assume que, se fosse hoje, voltaria a defender a grande penalidade batida pelo uruguaio.
"Alguns utilizam uma forma muito mais de brincadeira, irónica; outros ainda insultam; é o que é; foi o que foi; foi como foi. Entendo a frustração das pessoas do Benfica porque era a segunda final consecutiva que o Benfica perdia, uma final europeia que o Benfica não ganhava há muito. Entendo a frustração e as críticas, a paixão pelos clubes, agora não entendo quando se ultrapassam os limites. É triste, antigo", começou por contar o ex-jogador, que falou do instinto que teve para defender a grande penalidade.
"Não é uma questão de ter a noção se cumpri ou não as regras. Quem não joga futebol não tem noção nenhuma do que é jogar futebol e ser guarda-redes, defesa ou avançado; do que é o instinto, do momento, o fazer o que sai no momento. O que fiz no penálti do Cardozo foi instintivo. As imagens estão lá. Se me perguntar se dei um passo à frente? Dei, mas foi instintivo. No entanto, as pessoas não falam do penálti do Rodrigo e também o defendi. Aliás, na carreira defendi 48 penáltis, devo ser o guarda-redes com mais penáltis defendidos no seu percurso", prosseguiu, assumindo que, se na altura existisse o VAR, o lance seria repetido. Mas o desfecho seria o mesmo.
"No penálti do Cardozo, provavelmente, seria repetido mas provavelmente teria defendido outra vez porque ele ia mudar. Vamos lá ver uma coisa: o Cardozo nunca bateu um penálti para aquele sítio, nunca. O Cardozo batia sempre no meio ou em força, cruzado, para o lado esquerdo do guarda-redes. Tinha jogado várias vezes contra o Cardozo, já me tinha batido penáltis duas ou três vezes e estudei-o muitas vezes", atirou Beto.
"Mas pegando nas minhas palavras, tinha instinto e o instinto era o meu instinto felino e eu achei que nesse dia, numa final europeia, o Cardozo ia ter a coragem de mudar. O que é facto é que ele mudou, bateu em jeito para o lado direito do guarda-redes, é verdade que o meu instinto foi adiantar-me um pouco. Se houvesse VAR, provavelmente tinham repetido o penálti mas eu não posso voltar a 2014 e apagar aquilo que foi a final da Liga Europa contra o Benfica", finalizou o antigo jogador.
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