O neerlandês Royston Drenthe, que contou com uma longa passagem pelo Real Madrid na sua carreira, concedeu esta quinta-feira uma entrevista ao jornal italiano Gazzetta Dello Sport, na qual passou em revista a sua já longa vida no futebol.
O agora jogador do Racing Mérida recordou com carinho e frustação a passagem pelos merengues, confessando que não estava pronto para as exigências de um clube de topo como é o Real Madrid.
"Estávamos 2007 e tinha 20 anos, estava no topo da minha carreira. Era uma sensação de loucura difícil de explicar, era um sonho entrar num balneário de galácticos. São recordações que nunca esquecerei e sempre estarão sempre no meu coração", começou por dizer Drenthe.
"Há uma vida de futebolista e outra pessoal. Podes misturá-las até certo ponto. O mais difícil para mim foi compreender que tinha de mudar de vida imediatamente. Agora, percebo que não estive no Real Madrid da maneira correta, cometi erros, a vida é curta e é preciso ser-se profissional. O Raúl foi um exemplo, Michel Salgado como um irmão e Guti era o meu pai. Mas quando tens 20 anos e nunca ninguém te ensinou, é difícil aprender", vincou.
Depois de deixar o Everton, Drenthe rumou ao futebol russo para vestir a camisola do Spartak Vladikavkaz, uma aventura que, admite, contribuiu para que deixasse de ter alegria a jogar futebol.
"Quando sai do Everton perdi a alegria do futebol, voltei à Holanda e fiz outras coisas, abri uma loja. Depois, da Rússia ligavam-me todos os dias. Não queria ir. Um mês depois, dois rapazes apareceram na minha loja. Voltavam todos os dias para tentar convencer-me. No fim, acabei por dar-lhes uma oportunidade, estive um mês na Rússia no hotel a fazer preparação. Senti-me um monstro. E no primeiro jogo marquei um hat-trick", atirou o neerlandês, confessando que os excessos na carreira o impediram de chegar mais alto.
"Não estava preparado para ser um profissional. Pensei que era Deus, mas gostava de festas e mulheres, e para estar no topo não se podem compatibilizar as duas coisas. Aprendo sempre alguma coisa, o que passou fica no passado", finalizou.