O nome de Mario Gotze foi um dos mais citados no que toca ao mercado de transferências, desde o final da última temporada. A aparentemente certa mudança do médio alemão para o Benfica foi muito falada, mas a história terminou com um final pouco feliz para... os encarnados.
Gotze estava certo de que queria sair do PSV, mas seguir os passos de Roger Schmidt não parecia ser a prioridade. Não chegando a um acordo rapidamente com as águias, alterou o destino da viagem para a Alemanha. Já acertou a sua mudança para o Eintracht Frankfurt e o Benfica acabou derrotado, mesmo com a hipótese de fazer um negócio relativamente razoável por um jogador de renome internacional.
Mas quão perto esteve Mario Gotze de mudar-se para o Benfica? Depois de várias semanas a ser apontado à Luz, o que falhou nas negociações? E, olhando para a equipa que o Benfica tem até ao momento, quanta falta fará aos encarnados na nova época?
Mario Gotze e Roger Schmidt trabalharam juntos no PSV nos últimos dois anos© Getty Images
Vontade de Schmidt era decisiva
Gotze era um jogador que interessava muito a Roger Schmidt. O novo técnico do Benfica sabia que tinha no alemão o típico número 10 que encaixaria na perfeição na sua equipa. Dando velocidade e criatividade na posição, Gotze poderia ainda ajudar com bons números no que toca a golos e assistências. Na última temporada, esteve em evidência com 12 golos e 11 passes decisivos.
Na última época, o jogador que o Benfica mais usou na mesma posição foi Gonçalo Ramos. Contudo, o jovem jogador não é, por natureza, um médio ofensivo, acabando por jogar mais como um segundo avançado, o que significa que o meio campo da equipa das águias ficava desfeito em certas fases do jogo. Além disso, com Nélson Veríssimo no comando, período em que jogou efetivamente nessa posição, marcou apenas sete golos, não sendo tão impactante quanto a assistências.
Número total de jogos | Titularidades | Golos | Assistências | Passes-chave por jogo | Dribles por jogo | |
Mario Gotze | 52 | 49 | 12 | 11 | 2 | 0,9 |
Gonçalo Ramos | 46 | 25 | 8 | 2 | 0,8 | 0,8 |
Cláusula de rescisão acessível
O contrato de Mario Gotze com o PSV era muito favorável ao atleta. Bastava um passo em falso do emblema neerlandês para o jogador poder deixar o clube. Foi o que aconteceu neste verão.
A saída de Roger Schmidt a meio da construção de um projeto vencedor - e que quase o foi nesta última época - terá sido a chave para a saída de Gotze. Tudo se facilitou porque a cláusula de rescisão estava fixada nos quatro milhões de euros. Foi muito por causa desse número que o Benfica se chegou à frente para contratar o jogador.
Pagar quatro milhões de euros nunca terá sido, pelo que foi sendo relatado pela restante imprensa, o maior problema para a direção encarnada. Investir tal quantia de dinheiro no jogador de 30 anos poderia trazer resultados desportivos satisfatórios, representando um gasto inferior aos de, por exemplo, Everton e Waldschmidt, que custaram, ao todo, 35 milhões de euros e que, à data, por conta de performances abaixo do esperado, já não fazem parte do Benfica.
Mario Gotze está avaliado no mercado em 10 milhões de euros© Getty Images
Salário alto
Este seria o maior problema para as águias. Gotze auferia de um salário de três milhões de euros líquidos no PSV, valor que o Benfica não estaria disposto a dispensar. No plantel dos encarnados, Weigl é o atleta que tem um vencimento mais perto desses números, sendo já um encargo grande para o clube, que até procura negociar o jogador para aliviar a folha salarial.
Essa necessidade de estar disposto a pagar três milhões de euros limpos por ano a Gotze terá sido fatal para este negócio. O jogador não terá mostrado abertura a uma negociação do salário e, por isso, colocou o Benfica de lado na fila enquanto ouvia outras propostas.
Mario Gotze e Julian Weigl têm salário idênticos, na ordem dos três milhões de euros© Getty Images
Concorrência pesada
Mario Gotze é um nome que, normalmente, reúne consenso em vários dos grandes clubes de futebol. Com formação no Borussia Dortmund, passagem de qualidade pelo Bayern Munique, registo de um golo decisivo num Mundial de seleções e uma temporada goleadora como foi a última, o médio não precisa de bater a várias portas para conseguir lugar num clube do seu nível.
Dito isto, é percetível que o Benfica não era o único clube interessado na contratação de Mario Gotze. Como foi noticiado durante várias semanas, emblemas como o AC Milan, Inter Miami e AS Roma fizeram frente aos encarnados, mas acabou por ser o Eintracht Frankfurt desviar o jogador da rota do clube português.
Os valores que começaram a ser discutidos pelos clubes com os representantes do atleta foram, realmente, decisivos para este desfecho.
Mario Gotze era pretendido por outros clubes, mas escolheu o Eintracht Frankfurt© Getty Images
Desfecho inesperado
Tantas semanas de muita conversa entre Benfica e Mario Gotze dariam, certamente, em casamento. O que realmente aconteceu, e para desgosto das águias, foi que a noiva encontrou outro par para casar.
O Eintracht Frankfurt soube adiantar-se e 'roubou' Gotze ao Benfica. São três anos de contrato, um salário não muito longe dos três milhões de euros limpos que auferia no PSV, e a (desejada) possibilidade de regressar ao futebol alemão.
Pelos números apresentados neste contrato, fica a ideia de que o Benfica poderia ter fechado esta contratação. Fica ainda a ideia de que, para tal não acontecer, alguma jogada estará nas mangas de Roger Schmidt, Rui Costa e Rui Pedro Braz. A estrutura do futebol dos encarnados está em contrarrelógio para garantir um plantel perto de fechado antes do dia 27.