A noite da última quarta-feira no Estádio da Luz vai ficar marcada como uma das melhores e menos esperadas desta época. O Benfica, o mesmo que empatou no último fim de semana com o Boavista no Bessa, lutou, superiorizou-se por vezes ao Ajax e aumentou as esperanças quanto a um apuramento para os quartos-de-final da Liga dos Campeões.

A exibição das águias ganha mais mérito quando se olha para a campanha que o adversário fez até este jogo. Em cinco jogos, a equipa neerlandesa não teve outro resultado que não fosse a vitória. Assim sendo, o Benfica foi a primeira equipa que conseguiu efetivamente fazer frente ao Ajax na Liga milionária.

A segunda parte dos encarnados foi sem dúvida a melhor do jogo e mostrou o potencial que o Benfica tem para o resto da temporada. A ideia de jogo revelou-se um híbrido entre oportunidade ofensiva e perigo defensivo, mas a expectativa é positiva.

Dito isto, vamos às notas...

A figura

Diz-se que é na juventude do Seixal que está a esperança. A exibição de Gonçalo Ramos provou essa tese. O avançado esteve num papel que não é o dele, mas que tem desempenhado ao longo dos últimos jogos, jogando atrás de Darwin como um jogador mais móvel, sempre deambulando e causando desequilíbrios e desposicionamentos na defesa adversária. Conseguiu por certas vezes, com a ajuda da largura de Darwin, aparecer em zonas de finalização com perigo. O segundo golo é de Yaremchuk, mas parte dos pés de Gonçalo Ramos que, não fosse a defesa de Pasveer, tinha feito o golo da jornada europeia. Nélson Veríssimo deu ao jovem avançado aquilo que ele precisava: tempo de jogo e confiança. É assim que crescem os jovens jogadores.

A surpresa

Yaremchuk não tem tido a preponderância que se esperava, mas nesta partida foi bastante importante. Teve a confiança do treinador, entrou em campo e, pouco depois, deu o empate ao Benfica. Estava no sítio certo à hora certa para finalizar a jogada e teve na celebração outro momento importante da noite. Com oito golos nesta temporada, é certo que a performance do ucraniano está aquém do esperado, mas a confiança do avançado aparece com os golos.

A desilusão

Por várias vezes Lázaro foi criticado pela falta de segurança que dava à equipa, até que Veríssimo decidiu colocar Gilberto em campo. Porventura, sem grandes frutos. O brasileiro tem melhores capacidades defensivas e não conseguiu aplicá-las frente ao Ajax. É compreensível em certa parte pela técnica que os neerlandeses têm na frente de ataque, mas a primeira parte foi bastante massacrante para Gilberto que por várias vezes viu Tadic a acenar e a fugir à sua marcação. Grimaldo, que esteve na origem do primeiro golo do Ajax, e Rafa Silva, que teve uma primeira parte para esquecer, fogem a esta distinção pela recuperação que tiveram na segunda parte. Caso contrário, estariam no mesmo saco, daqueles que podiam ter estragado a noite na Luz.

Os treinadores

Nélson Veríssimo

A mudança no onze inicial não deu grandes frutos. A entrada de Gilberto dava a ideia de que a defesa encarnada estaria mais segura, algo que com Lázaro não tem sido possível, mas, muito por culpa da qualidade ofensiva já reconhecida ao Ajax, não se observou isso. Contudo, as mexidas durante o jogo foram pensadas da melhor forma. Num momento em que o empate assinalava o marcador, a equipa estava já fatigada e o técnico, de forma a dar segurança à equipa, decidiu colocar em jogo Paulo Bernardo. O jovem passou à frente de João Mário pela intensidade que o jogo tomava e pelo ritmo que podia dar à equipa, tanto a defender como a contra-atacar, algo que João Mário não consegue nem tem conseguido mostrar desde que chegou aos encarnados. Pergunta-se mesmo por que razão o Benfica não joga desta forma em todos os jogos. 

Erik Ten Hag

Deixou a impressão de que não chegou a este jogo com a mesma confiança que trazia quando veio a Portugal defrontar o Sporting. A equipa entrou um tanto ou quanto ofensiva mas, à primeira investida do Benfica, recuou e em certas alturas limitou-se a defender o seu espaço enquanto tinha oportunidades claras para passar pelo adversário. Os dois golos surgem essencialmente de falhas defensivas do Benfica, sinal de que o ataque neerlandês é bastante ativo e atento aos erros do adversário. Apesar do favoritismo reconhecido à equipa no jogo em Amesterdão, por estar num ambiente ao qual está habituado, não pense Ten Hag que será pera doce porque, a avaliar pela primeira mão, a segunda será muito bem disputada.

O árbitro

Tinha tido uma exibição segura até ao momento em que se gritou penálti nas bancadas da Luz. Gonçalo Ramos foi claramente atingido em zona proibida e nem o árbitro nem o VAR se preocuparam em castigar o infrator. Pouco depois, a uma agressão de Antony a Darwin, respondeu com um simples amarelo, decisão que merece maior discussão tendo em conta o critério vulgarmente adotado. Tirando estas falhas que, de certa forma, poderiam ter influenciado o resultado, a partida não foi de difícil juízo para Slavko Vinčić.

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