"Mesmo que fosse à final e perdesse, ia ser a mesma coisa. São os Jogos Olímpicos, queremos sempre mais e melhor, chegando à final queria ser campeão e não ia aceitar uma medalha, já a tinha, não ia ficar mais tranquilo. Ia custar-me igual, igualzinho", afirmou o judoca, na zona mista do Nippon Budokan.
Cerca de uma hora antes de abandonar a zona envolvente dos tatamis, Anri Egutidze foi batido na sua estreia em Jogos Olímpicos, na segunda ronda da competição, depois de ter ficado isento da primeira, frente ao austríaco Shamil Borchashvili, por waza-ari no 'golden score', após os quatro minutos de combate.
"Desde início procurei a vitória, projetar. Eu tentei o contra-ataque, ele continuou, conseguiu waza-ari. O que eu esperava do combate não era isso, nem por um minuto pensei perder desta maneira, porque eu sei da minha capacidade, que era lutar por uma medalha nos Jogos", realçou.
O medalha de bronze nos Campeonatos do Mundo de 2021 reconheceu ter dificuldades em encontrar justificação para este desfecho.
E, "porque são os Jogos Olímpicos", Anri Egutidze admitiu ter-se deixado levar pelo "jogo" de Shamil Borchashvili: "Em vez de conseguir impor o meu judo, fui no jogo dele. Devia ter feito tudo de forma mais tranquila, mas senti ansiedade".
"Custa muito, dói e acho que esta dor vai ficar até Paris. É uma dor diferente das outras competições. Agora, é dar tudo para Paris2024 e para todas as outras competições", vincou.
Menos de dois meses depois de ter subido ao pódio nos Mundiais, em Budapeste, o judoca do Benfica ficou inconformado com a derrota.
"Não posso aceitar como outra prova qualquer, porque são os Jogos Olímpicos e, se calhar, custou-me a focar, porque foi a primeira vez que estive aqui. Vim dos Mundiais motivado, fiz tudo certo, tudo o que precisava, acho que fiz tudo, mas, se calhar, faltou-me focar um pouco mais, porque são os Jogos Olímpicos e aqui ninguém pode dizer que pode ganhar diretamente medalha, porque todos podem ganhar ou perder. Aprendi isso hoje e também nos outros dias", admitiu.
O desabafo prosseguiu, alimentado pela ambição do judoca de 25 anos.
"Tenho esta frustração, porque quero mais. Mesmo que eu passasse este combate e perdesse o segundo também não ia aceitar. Eu trabalhei, por isso, queria mais. Se fiz tudo certo, porque não uma medalha? Não consigo aceitar a derrota, depois de ter trabalhado tanto, de ter caído tantas vezes e de me ter levantado. Custa muito", reiterou Anri Egutidze, enquanto apresentava a solução: "Agora, é superar e preparar para outras competições".