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"Senti que não precisava de mostrar mais nada em Portugal"

Depois de ter sido uma das grandes figuras do campeonato na última época, Fábio Martins partiu para aquela que é a primeira aventura no estrangeiro. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o agora jogador do Al-Shabab destaca a importância de sair da sua zona de conforto e de garantir a estabilidade financeira no futuro.

"Senti que não precisava de mostrar mais nada em Portugal"
Notícias ao Minuto

08:00 - 13/10/20 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

Fábio Martins foi um dos nomes que agitou o último mercado de transferências. Depois de ter sido a grande figura do Famalicão, que brilhou na última época, e uma das principais estrelas do nosso campeonato, o extremo de 27 anos decidiu rumar à Arábia Saudita para vestir a camisola do Al-Shabab, equipa que é orientada pelo português Pedro Caixinha

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Fábio Martins revela aquilo que o levou a aceitar a proposta do emblema saudita, ao mesmo tempo que sublinha a importância de se sentir valorizado em termos financeiros. 

O jogador natural de Mafamude aborda ainda o tema da seleção nacional e deixa elogios aos antigos companheiros de equipa Diogo Gonçalves, Toni Martínez e Pedro Gonçalves, que também deram o salto depois de terem brilhado em Famalicão.  

Precisava de me sentir valorizado. Não só desportivamente, não só com aplausos e não só com palavras nas redes sociaisDepois de uma grande época no Famalicão e de ser uma das figuras do campeonato, o que o levou a aceitar o convite do Al-Shabab?

Acho que foi precisamente por ter feito uma época tão positiva, tanto a nível individual como coletivamente, que sentia que precisava de outro estímulo. Senti que não precisava de mostrar mais nada em Portugal. As pessoas sabem o que eu sou e conhecem-me. Senti que precisava de me sentir valorizado. Não só desportivamente, não só com aplausos e não só com palavras nas redes sociais. Também precisava de sentir isso da perspetiva financeira. A carreira de um futebolista passa muito rápido, eu já estou com 27 anos e daqui a seis anos, se calhar, já estou na altura de deixar o futebol. Quis garantir a minha estabilidade financeira. Foi a melhor proposta que recebi nesse parâmetro, sem dúvida, mas o projeto desportivo também me agradou. 

O facto de Pedro Caixinha ser o treinador pesou na sua decisão?

É por causa do míster Pedro Caixinha que o aspeto desportivo me agrada muito. Foi ele que falou comigo, que demonstrou desde o início uma grande vontade de contar comigo e que me apresentou o projeto. E depois, claro, o facto de ser uma experiência nova e de poder sair da minha zona de conforto. Sempre joguei em Portugal e no norte. Nunca sai nem para o centro nem para o sul. Estava na altura de dar este passo. Sair um bocadinho da minha redoma, da minha casa e abraçar esta nova aventura. Foram estas coisas que me fizeram vir para cá, além da equipa técnica ser portuguesa, o que me está a ajudar bastante.  

Notícias ao MinutoFábio Martins no primeiro treino no Al-Shabab, ao lado de Pedro Caixinha (à esquerda) e de Banega (à direita).© Reprodução Twitter Al-Shabab

Como estão a correr estas primeiras semanas de adaptação à Arábia Saudita e ao clube?

A adaptação está a correr muito bem. Para ser sincero, pensei que iria ter muitas dificuldades, pensei que iriam ser difíceis estes primeiros tempos. A malta toda acolheu-me muito bem e ajudou-me a adaptar o mais rápido possível. A equipa técnica é portuguesa, o que ajuda muito, mas também está aqui o Sebá, que é brasileiro e com quem já tinha jogado, e ainda o Banega e Guanca, que são argentinos e que com quem consigo falar. E depois, desenrasco-me no inglês e falo com a malta árabe. Temos também na estrutura um médico mexicano, um fisioterapeuta brasileiro e outro romeno que percebe muito bem português. A adaptação está a ser muito fácil e sinto-me verdadeiramente bem aqui.  

O que deseja conquistar no Al-Shabab?

Sinto que estou num projeto interessante. O Al-Shabab era um clube vencedor, mas está há alguns anos arredado de títulos e de boas posições no campeonato. O objetivo passa mesmo por aí: levar o clube para os lugares cimeiros. E, claro, jogar um bom futebol. Vamos lá ver o que vai dar.  

Qual é o plano para o futuro? Ficar no estrangeiro ou regressar a Portugal?

Não tenho planos futuros. O meu plano futuro são estes nove meses em que vou ficar aqui e em que vou fazer de tudo para ajudar o Al-Shabab. Depois, não sei. Como é sabido, tive que renovar para vir para cá. Quando esta época acabar, tenho mais dois anos de contrato em Braga. Se calhar, a ideia era ficar pelo estrangeiro, mas não posso estar a afirmar isso. Tenho dois anos de contrato com o Sporting de Braga, e no final da época é que vamos ver. 

Seleção nacional? Não é algo que me tire o sono

Teme que ao escolher um país fora da Europa possa ficar mais longe de ser chamado à seleção nacional?

Essa ideia da seleção nacional fica sempre na cabeça de todos os jogadores, como é lógico, mas não é algo que me tire o sono. Não era por isso que iria ficar na Europa, por pensar que estaria mais perto de chegar [à seleção]. Tomei a minha decisão com base no projeto mais aliciante que apareceu para mim. Não pensei sequer na questão da seleção ou de ficar arredado, até porque nunca fui. Não acho que seja uma grande diferença estar em Portugal ou na Arábia. Vou continuar a jogar o meu futebol e focado em ajudar o clube.

Grande parte dos jogadores que faziam parte do plantel do Famalicão saiu. Isso também explica o sucesso do projeto do clube?

Sem dúvida. O projeto do Famalicão foi muito bem-sucedido, muito bem preparado e muito bem pensado. Os resultados estão à vista de todos. O Diogo [Gonçalves] voltou para o Benfica, o Pedro [Gonçalves] foi para o Sporting e o Toni [Martínez] para o FC Porto. Toda a gente se valorizou. Quando um projeto é bem-sucedido e as coisas correm bem, toda a gente se valoriza. Até quem não joga se valoriza. Fico muito feliz por eles e espero que tenham muito sucesso. São grandes jogadores e são grandes pessoas. Tenho a certeza que vão ter sucesso. 

Notícias ao MinutoFábio Martins acumulou um total de 12 golos em 36 jogos com a camisola do Famalicão.© Getty Images

O Pedro Gonçalves e o Toni Martínez foram, consigo, as grandes figuras do Famalicão. O que é que eles podem dar a Sporting e FC Porto, respetivamente?

Acho que isso já está a vista de todos. O Pedro é um jogador engraçado, apesar de ser jovem e de ter um aspeto mais tímido, é um autêntico rebelde dentro de campo. Dentro e fora! (risos) Mas dentro de campo é um rebelde que não olha a caras e se tiver de ir para cima, vai. É aquilo a que eu chamo um jogador de rua. Tem uma qualidade técnica muito boa e não quer saber se está a jogar contra Benfica, FC Porto ou Sporting. Vai para cima... Tenho a certeza que vai ter muitos minutos no Sporting e que vai ser um jogador fundamental. 

E o Toni Martínez

O Toni está num contexto diferente... Chega ao FC Porto com Marega, que é uma das figuras do clube, e com Taremi, que também fez um grande campeonato. Chega numa altura diferente, com a época já a decorrer e vai partir um bocadinho atrás. Mas tenho a certeza de que vai trabalhar e vai agarrar as oportunidades quando elas surgirem. É um excelente jogador e é um daqueles jogadores à FC Porto: sente o clube, combativo e que dá tudo. Acho que é um avançado à imagem do clube e do treinador [Sérgio Conceição]. Portanto, acho que vai ter muito sucesso no FC Porto.

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