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Fred Peters. Quem é o jovem português falado no evento da F1 em Portimão?

Jovem piloto compete neste momento na Formula 4 asiática e é uma das grandes esperanças do desporto automóvel em Portugal. Não somos nós que o dizemos, mas sim João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que o elogiou no evento que serviu de anúncio ao regresso da F1 a Portugal.

Notícias ao Minuto

08:31 - 01/09/20 por Ruben Valente

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Os mais fiéis seguidores do desporto motorizado certamente já ouviram falar no nome de Frederico Peters. Para os mais desatentos, nós explicamos. Com apenas 16 anos, o jovem piloto português é uma das grandes esperanças do automobilismo nacional.

Neste momento, Frederico Peters representa as cores da bandeira portuguesa na Formula 4 asiática, depois de vários anos de competição nos karts. Chegou a correr pela DriveX, equipa espanhola que pertence a Fernando Alonso, mas o seu trajeto levou-o para terras mais longínquas e é em países como a Malásia ou a Tailândia que tenta mostrar todo o seu talento à procura do sonho da Formula 1.

Aos seis anos 'Fred' já competia, e logo no primeiro ano conquistou o Campeonato Nacional de iniciação aos karts. Numa entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, em mais uma rubrica 'Dos 0 aos 100', Frederico Peters revelou que atingir o patamar mais alto do desporto automóvel dependerá sempre dos apoios que conseguir arranjar. 

O seu talento natural para este desporto é reconhecido por quem o vê correr e até João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, apontou Frederico Peters como uma das grandes promessas do automobilismo luso no evento que serviu de anúncio ao regresso da Formula 1 a Portugal.

Numa altura em que vários portugueses dão cartas no desporto motorizado internacional, Frederico é a prova de que o talento não escasseia e que o futuro pode ser risonho, basta que existam oportunidades.

No primeiro ano de iniciação, acho que só não ganhei uma corrida. Depois, no primeiro ano de Cadete, foi diferente. Já travávamos... [risos] Foi um passo grande, mas lá para o fim do ano já me estava a desenrascar. No segundo ano de Cadete ganhei outra vez o campeonatoComeçaste mesmo muito cedo a andar de karts e aos seis anos já competias… Ainda te lembras da tua primeira corrida?

Para mim era tudo novo e não estava habituado. Estava habituado a andar sozinho na pista e quando lá cheguei era o rapaz que tinha mais experiência, porque o meu pai tinha a própria pista. Ganhei logo a minha primeira corrida e estava todo feliz, claro, mas na altura foi uma decisão difícil que tive de tomar: ou andava sozinho em pista, mas com um kart mais rápido, ou começava o Campeonato Nacional com um kart mais pequeno. Optei por fazer corridas.

E como nasceu este gosto pelo automobilismo?

Desde que me lembro que gosto. O meu avô participou em vários ralis na Holanda, o meu pai correu também e desde que me lembro foi sempre o que mais gostei de fazer.

Notícias ao MinutoFrederico Peters, com apenas 13 meses, no Kartódromo de Évora© D.R.

Em 2010, logo no teu primeiro ano de competição, conquistaste o Campeonato Nacional. Tinhas seis anos… Percebeste desde cedo que tinhas um jeito natural para este desporto?

Acho que sim. No primeiro ano de iniciação, acho que só não ganhei uma corrida. Depois, no primeiro ano de Cadete, foi diferente. Já travávamos... [risos] No outro quase nunca se travava. Foi um passo grande, mas lá para o fim do ano já me estava a desenrascar. No segundo ano de Cadete ganhei outra vez o campeonato.

O facto de começares a correr e rapidamente teres sucesso, não fez com que mais tarde fosse difícil para ti gerir o insucesso? Isto porque em 10, 15 ou 20 miúdos só ganha um.

Nos primeiros três anos, como já tinha andado bastante no kartódromo do meu pai, tinha uma ligeira vantagem em relação aos meus adversários. A partir do meu quarto/quinto ano de corridas, essa diferença foi menor. As coisas começaram a equilibrar-se mais e eu não estava habituado. Estava habituado a estar lá à frente e, de repente, não estar a ganhar corridas foi complicado.

E a relação com a escola? É fácil conciliar tudo? Sei que o automobilismo exige muitos fins de semana fora e muitas aulas perdidas.

Não é fácil. Eu passei agora para o 11.º ano e, no ano passado, no 10.º, eu faltei praticamente a metade das aulas do primeiro período. Ou seja, tive o resto do ano com dificuldades para tentar recuperar. No fim do ano lá consegui recuperar a matéria perdida. Há professores que são a favor, outros que são quase contra o facto de praticarmos um desporto de uma forma tão séria. No entanto, de uma maneira geral, os professores tentam sempre ajudar-me. É pena é que não haja um programa próprio para ajudar os atletas. Dentro do sistema normal, os professores tentam ajudar e isso é bom.

Sei que o teu pai é um grande apoio para ti. Sentes que a ajuda familiar é essencial para tentares alcançar o sucesso?

Sim, o meu pai ainda hoje me ajuda bastante. Até para falar com os mecânicos e engenheiros, ele ajuda-me. Isto porque o meu pai foi o meu mecânico até há pouco tempo, antes de deixar os karts. Desenvolvemos uma linguagem muito específica, digamos assim. A maneira de falarmos um com o outro sobre afinações, sobre comportamento do carro. Às vezes, ele até tinha de traduzir o que eu queria dizer para os mecânicos e os engenheiros já nos Fórmulas. Sempre foi o meu ‘coach’ e o meu ‘manager’, que ainda é.

Notícias ao MinutoFrederico e o pai, Peter Peters© D.R.

Em 2019 deste o salto para a Formula 4 asiática e também para a Formula 4 espanhola, onde correste pela DriveX, uma equipa que pertence ao Fernando Alonso. Como foi o primeiro impacto?

Foi muito importante ter corrido primeiro em Espanha e só depois ter ido para a Ásia. Nós em Espanha realizámos muitos, muitos testes. Foram vários fins de semana a testar e depois uma corrida para me habituar. Não deu para correr mais por causa dos custos e decidimos então ir para a Formula 4 asiática.

E como foi correr na F4 South East Ásia Championship?

Fomos sempre muito bem recebidos e desde que comecei estive sempre do meio do pelotão para cima. O que foi muito bom para subir a minha confiança, uma vez que a corrida em Espanha não me tinha corrido muito bem. Trabalhei, trabalhei, falei muito com os engenheiros, e à medida que me fui habituando, as coisas foram melhorando e consegui chegar lá mais à frente. Fiz dois pódios e este ano queremos ver se dá para lutar pela vitória no campeonato.

Notícias ao MinutoFrederico Peters, à direita na imagem, depois de um 3.º lugar conquistado numa corrida de Formula 4© Reprodução F4 South East Asia

Foi fácil a adaptação a países tão diferentes do nosso?

No início estava com algum receio, mas correu tudo bem. Não tive foi muito tempo para conhecer. Era sempre aeroporto, hotel, pista, e pista, hotel, aeroporto. Não deu para muito mais, mas as pessoas são extremamente simpáticas.

E ainda em 2020, onde poderemos ver o Frederico Peters em pista?

Estou a fazer o Campeonato Nacional nos Karts e vou correr novamente no campeonato de Formula 4 na Ásia. Estamos à espera que o calendário seja confirmado, mas em princípio vão haver quatro corridas na Malásia e outras quatro na Tailândia.

O Mundial de Formula 3, que é o passo seguinte, já faz parte das provas que acompanham a Formula 1. É esse o teu próximo objetivo?

Eu gostava que fosse, mas para chegar lá são precisos muitos apoios que não estão a ser fáceis de arranjar. Outra rota, digamos assim, que está a surgir são os LMP’s.

Por falar em LMP’s, sei que recentemente estiveste no Autódromo do Estoril, a testar um protótipo dessa categoria. Haverá, nesse sentido, novidades em breve na tua carreira?

Por agora ainda não sei. Como é óbvio, todos pensamos na Formula 1, mas nem todos temos possibilidades para lá chegar. Não falo da capacidade de condução, falo sim da parte financeira. Com os LMP3, e depois com os LMP2 e LMP1, não é um caminho fácil, mas digamos que é mais acessível.

Identifico-me com o Max Verstappen, até porque somos os dois 'meio holandeses'. Gosto muito da diferença que ele faz no desportoApesar das dificuldades, chegar à Formula 1 mantém-se um sonho, certo?

Se a oportunidade aparecer, claro que a vou agarrar com as duas mãos, mas enquanto ela não aparecer vamos tentar os caminhos mais realistas.

No evento de apresentação da Formula 1 em Portugal, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, falou no teu nome como sendo uma das maiores promessas portuguesas do automobilismo. De que forma recebeste esse elogio?

Estive com o João Paulo Rebelo na inauguração do kartódromo de Castelo Branco. Estava lá também o Pedro Lamy, com quem me dou muito bem. Estivemos a falar um pouco com ele [João Paulo Rebelo] e até deu umas voltas no meu kart [risos]. Mostrou interesse na minha carreira e depois surgiu aquele elogio, do qual não estava nada à espera. Soube bem saber que todo o esforço vale a pena.

Sei que acompanhas de perto tudo o que se passa pela F1. Tens algum piloto que sigas ou com o qual te identifiques mais, por exemplo, no estilo de condução?

Como o meu pai é holandês, tenho que dizer o Max [Verstappen]. Gosto mesmo muito dele e da diferença que ele faz no desporto. Na minha opinião, ele praticamente ‘salvou’ a Formula 1 porque já se tornava um pouco aborrecido ver as corridas. Identifico-me com ele, até porque somos ambos ‘meio’ holandeses [n.d.r. referindo-se ao facto de terem nacionalidade holandesa]. O meu pai até correu com o pai dele [Jos Verstappen] nos karts lá nos Países Baixos. Gosto muito de como o Max conduz à chuva, é completamente do dia para a noite em relação aos outros pilotos. A agressividade dele, acho que era algo que já fazia muita falta à Formula 1.

Neste momento tens 16 anos e certamente ainda muitas corridas pela frente. Se te perguntar onde te vês daqui a cinco anos, qual é a resposta?

É difícil de responder. Como disse anteriormente, se aparecer uma oportunidade para continuar nos Fórmulas, é exatamente isso que eu quero. Se não der para me manter nesse caminho da Formula 3, Formula 2 e Formula 1, acho que me vejo a conduzir os LMP3, LMP2 ou, quem sabe, os LMP1. As corridas de Resistência não me atraem tanto, mas se não conseguir manter-me nos Fórmulas, provavelmente seguirei por esse caminho. O mais importante é continuar a correr, não me vejo a fazer outra coisa.

Notícias ao MinutoFrederico Peters no seu monolugar #57 na Formula 4© Formula 4 SEA

Fique com mais imagens da carreira de Frederico Peters na fotogaleria acima!

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