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"Nunca tinha visto o espírito de equipa que encontrei no Famalicão"

Ivo Pinto regressou, em janeiro, ao futebol português ao fim de quase oito anos para vestir a camisola do Famalicão e tem agora o futuro por clarificar. O lateral de 30 anos garante, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, ter gostado de voltar a Portugal e deixa elogios à estrutura do emblema famalicense.

"Nunca tinha visto o espírito de equipa que encontrei no Famalicão"
Notícias ao Minuto

08:00 - 24/08/20 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

Depois de meia época a alto nível no Famalicão, Ivo Pinto regressa à Croácia para definir o futuro. O lateral português de 30 anos tem contrato com o Dínamo Zagreb até 2022, mas afirma não ter a certeza de onde irá jogar na temporada que se avizinha.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Ivo Pinto faz um balanço dos meses em que esteve ao serviço do emblema famalicense, não fecha a porta a um eventual regresso e deixa rasgados elogios a Pedro Gonçalves, antigo companheiro de equipa que já foi oficializado como reforço do Sporting. 

O lateral direito nascido na Lourosa recorda também a chamada à seleção nacional em 2014, as noites europeias na Liga dos Campeões e Liga Europa e explica o porquê de o Norwich lhe ocupar "um lugar muito especial" no coração. 

 Ficar em Portugal seria uma opção muito válida para mimTerminou o empréstimo ao Famalicão e vai regressar ao Dínamo. Podemos esperar novidades quanto ao futuro? 

Penso que sim. Acabou agora o meu empréstimo ao Famalicão, que até foi prolongado devido a esta situação da pandemia, e agora tenho que regressar ao clube. Tenho de me apresentar na sexta-feira. Depois vou definir com o Dínamo a minha situação. Perceber qual é a intenção deles e definir o meu próximo destino. Espero que haja uma decisão em breve. 

Mas gostava de ficar no Dínamo? 

Depois de alguns anos fora de Portugal e de regressar para este empréstimo ao Famalicão, confesso que fiquei muito contente por estar de volta ao meu país e poder estar com a minha família. Além disso, voltei a ser pai. Ficar em Portugal seria, por isso, uma opção muito válida para mim. O Dínamo é um clube do qual gosto muito, tenho contrato com eles e se ficar lá também ficarei feliz. Mas, como disse, fui muito feliz nesta segunda metade da época. As saudades já começam a bater especialmente com dois filhos e com esta situação que todos estamos a viver agora. 

Que balanço faz da experiência da passagem pelo Famalicão? 

Sinceramente, acho que foi muito positivo. Estamos a falar de um clube que não estava na primeira divisão há 25 anos e de uma equipa construída com muitos jogadores acabados de chegar e um treinador novo. O que conseguimos alcançar foi muito bom. Havia muita ambição dos jogadores, da equipa técnica e da direção. A Liga Europa era uma coisa que nós queríamos muito e com que sonhávamos muito porque lutámos para isso e porque mostrámos essa qualidade. Em termos individuais, fiquei muito feliz porque vinha de um período em que estava a jogar menos e também de uma lesão complicada. Voltar ao meu país fez-me sentir muito bem. E, por outro lado, tive a oportunidade de me mostrar em Portugal. Acho que pouca gente se lembrava de mim. Pouca gente me conhecia. Pouca gente conhecia a minha qualidade, apesar do meu trajeto ser muito bom. Acho que em Portugal o conhecimento sobre mim era quase nulo. Neste meio ano eu mostrei o que posso dar. E posso dar ainda mais, com mais jogos e mais ritmo. 

Notícias ao MinutoIvo Pinto contabilizou um total de 18 jogos com a camisola de Famalicão.© Getty Images

Mantém a porta aberta para regressar ao Famalicão? 

Sim, claro que sim. Já conhecia o presidente da SAD, Miguel Ribeiro, há muitos anos e fiquei muito contente quando soube da possibilidade de ir para o Famalicão. Correu tudo muito bem, fui muito acarinhado e sinto que ajudei o clube dentro e fora de campo. Sinto que todos juntos fizemos algo de especial. Sinto que estava numa verdadeira equipa. Claro que no futuro, que pode ser amanhã ou pode ser daqui a meio ano ou um ano... Se o Famalicão voltar a abrir-me a porta e se eu estiver disponível, claro que ficaria muito feliz [em voltar]. Adorei vestir a camisola do Famalicão. 

Como é que a equipa digeriu aquele resultado com o Marítimo que acabou com o sonho da Liga Europa? Sendo um dos jogadores mais experientes, presumo que tenha tido um papel importante no balneário... 

Foi uma tarefa complicada. Confesso que não sou um jogador de lágrimas fáceis, mas ouvi alguns discursos no balneário e vieram-me as lágrimas. No fim de contas, eu e outros jogadores fizemos ver ao grupo que tínhamos feito algo de muito bonito e que a época tinha sido fantástica. Éramos uma equipa muito jovem e com muitos jogadores novos. O espírito de equipa que vi no Famalicão nunca tinha visto em mais lado nenhum na minha carreira. Estávamos todos a remar para o mesmo lado e sempre com um discurso positivo. Jogámos com todas as equipas da mesma forma respeitando o nosso estilo e as ideias do míster João Pedro Sousa. Acredito que o Famalicão irá chegar à Liga Europa já na próxima época

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Não estava a ser fácil para mim fazer esta publicação. Foi uma época inesquecível, marcante, histórica... obrigado ao @futebolclubefamalicao ( Clube,adeptos e acima de tudo grupo de trabalho) por me voltarem a fazer feliz no futebol  No futebol será sempre um até já e nunca um adeus. Continuem a sonhar todos juntos ( SEMPRE) e tenho a certeza que mais dias históricos virão. Ganham mais um adepto #umamordeperdicao 

Uma publicação partilhada por Ivo Pinto (@ivopinto6) a 27 de Jul, 2020 às 1:38 PDT

O sucesso do Famalicão também se explica pelos jogadores que foram valorizados. Pedro Gonçalves brilhou e deu o salto para o Sporting. Considera que tem condições para se impor em Alvalade? 

Não tenho dúvidas nenhumas sobre isso. Aliás, não me admira nada que o Pedro Gonçalves tenha ido para o Sporting e acredito que possa a vir a ser uma peça fundamental no Sporting já esta época. É um jogador que oferece muito ao jogo, irreverente, que não tem problemas em assumir o jogo, é um jogador que quer sempre vencer e que não vira a cara à luta. Estamos também a falar de um jogador muito tecnicista, mas que trabalha. O Pedro tem todas as condições para galgar muitos níveis e subir vários patamares no futebol português. 

Acredita que o Famalicão pode chegar ainda mais longe? Pensando a longo prazo, claro. 

Em Portugal há equipas que jogam contra o Benfica no seu próprio estádio e há mais adeptos adversários do que dessa equipa. Em Famalicão isso não acontece. Antes da pandemia, jogámos contra o Benfica para a Taça em casa e os adeptos eram do Famalicão. Isso é muito importante para o sucesso de um clube. E não são uns adeptos quaisquer. São adeptos que estão com os jogadores. Depois do jogo com o Marítimo, em que não conseguimos alcançar o objetivo da Liga Europa, chegámos ao aeroporto e tínhamos adeptos à nossa espera, chegámos ao estádio e estavam lá mais adeptos. Isto ajuda muito para que um clube cresça. O Famalicão pode vir a ser um clube muito grande porque tem a estrutura e a parte humana. O projeto é muito bom e toda a gente acredita nele. 

Jogou em Inglaterra, na Croácia e na Roménia. De que forma é que os adeptos do Famalicão o surpreenderam? 

Os adeptos do Famalicão gostam, de facto, do clube. Claro que isto é fácil de dizer, mas ver aquilo que eu vi... Eram exigentes, mas estiveram sempre connosco. Nos momentos em que a equipa mais precisava, eram sempre eles que tentavam levantar a equipa. Às vezes ia às redes sociais, depois de um jogo menos conseguido da nossa parte, e recebia várias mensagens de apoio e de ânimo para o próximo jogo. Isso são adeptos de equipa grande. São exigentes, querem resultados, mas sabem que por vezes têm de ser eles a puxar pela equipa. Foi a grande diferença que notei: exigentes, mas com noção de que a equipa precisa deles nos piores momentos. 

Esteve quatro temporadas no Norwich e tem quatro anos de ligação ao Dínamo Zagreb. São dois clubes especiais para si? 

São muito especiais. O Dínamo é um clube que gostei muito representar. É um clube que respira futebol e que tem sempre o objetivo de jogar a Liga dos Campeões. Além disso encontrei lá um grupo de amigos muito importante. Somos o apoio uns dos outros. Falo do Eduardo, do Gonçalo Santos, do Paulo Machado e do próprio Wilson Eduardo e Rúben Lima. Isso fez-nos sentir em casa. Era um grupinho muito bom e até parecia que não estávamos assim tão longe de Portugal. Em Norwich, a situação foi diferente. Tenho uma relação de amor com o clube e com os adeptos. Ainda recebo imensas mensagens e muitos comentários dos adeptos. Fiquei com uma relação excelente com aqueles adeptos. Mesmo a minha família sentia-se muito bem em Norwich. Aliás, até posso dizer que quando viemos embora a minha mulher ficou muito emocionada. Foi um sítio que nos marcou, em que adorámos estar, mas infelizmente acabou. Tudo tem um início e um fim na vida. Mas, sim, Norwich é o clube que mais me ficou no coração. Por tudo o que vivi, por todas as pessoas que lá trabalham e por tudo aquilo que o clube representa para a cidade e para a região. Estava em Inglaterra, mas estava em casa. Foi uma fase muito bonita da minha vida e da minha carreira. Sei que quando voltar lá, vou sentir-me em casa. 

Notícias ao MinutoIvo Pinto não esquece aquilo que viveu em Inglaterra ao serviço do Norwich. © Reuters

A Premier League é, de facto, o melhor campeonato do mundo? 

Sim, sem sombra de dúvida. Por tudo aquilo que envolve, o show, o espetáculo, o civismo... Mas também podemos olhar para o segundo escalão, que é super competitivo e equilibrado. 

Antes, estreou-se pelo Cluj na Liga dos Campeões e em 2014, já no Dínamo, é chamado à seleção nacional... 

Sim, recordo-me que joguei contra o Celtic em Glasgow para a Liga Europa e eu sou chamado à seleção nacional. Obviamente que foi um momento inesquecível. Poder partilhar alguns momentos com alguns dos melhores jogadores do mundo foi fantástico. Além disso, poder vestir a nossa camisola é um motivo de orgulho. É para isso que todos os jogadores lutam. Foi um momento inesquecível. 

Foi depois de chegar ao Norwich que alcancei o meu pico de forma

Nessa altura sentiu que estava a atravessar o melhor momento da carreira? Ou prefere olhar para isto como uma evolução constante? 

Acho que eu fui sempre evoluindo. Acho que quando saí do Dínamo para o Norwich aprendi muitas coisas. Na primeira época, na Premier League, aprendi tanta coisa... A intensidade do jogo inglês fez-me crescer muito. O treino é completamente diferente em termos de potência. Fiquei mais rápido, mais forte e mais intenso. Foi depois de chegar ao Norwich que alcancei o meu pico de forma. 

Vai regressar à Croácia. Que objetivos pretende alcançar nesta nova época que se avizinha? O que deseja fazer que não tenha conseguido alcançar na última temporada? 

Conseguir ter mais jogos. Na primeira metade da época não consegui jogar tanto e depois tive uma lesão que me atrasou ainda mais. Espero que esta nova época decorra de forma normal. Antes do meu último ano em Norwich fazia sempre 40 jogos por época e é isso que quero voltar a fazer. O resto, com trabalho e talento, vem depois. 

Jogar sem aquela paixão dos adeptos no estádio é algo que não me deixa indiferente

Considera que esta pandemia do novo coronavírus já mudou o futebol? 

Teve de mudar. O facto de jogarmos sem adeptos... É estranho e será sempre estranho. O mais importante é que a pandemia passe e que fiquemos todos bem, mas jogar sem aquela paixão dos adeptos no estádio é algo que não me deixa indiferente. Queremos voltar a ter adeptos nas bancadas, mas queremos ser um exemplo para a sociedade e queremos que regressem de forma segura. Há outro tipo de desportos que já têm adeptos e espero que no futebol isso também volte a acontecer. 

Tem 30 anos, já jogou na Liga dos Campeões, na Liga Europa, na Premier League e já foi chamado à seleção nacional. O que ainda deseja alcançar na carreira? 

Quero ganhar mais títulos. E quando digo títulos não falo necessariamente de troféus. Por exemplo, se o Famalicão tivesse ido à Liga Europa, eu iria considerar isso como um título. Ou seja, alcançar objetivos da equipa. E, depois, conseguir melhorar enquanto jogador e pessoa. Ajudar as equipas em que estou, fazer sempre parte da solução e nunca do problema. E, claro, continuar a ganhar mais vezes do que aquilo que perco. É nisso que os jogadores têm de pensar a cada fim de semana. 

Notícias ao MinutoIvo Pinto está de regresso ao Dínamo Zagreb, mas o futuro poderá ditar novidades. © Getty Images

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