A noite era de consagração ao novo campeão nacional, e o FC Porto correspondeu com um categórico triunfo na receção ao Moreirense, por 6-1. Ainda assim, a verdade é que o resultado está longe de ser um retrato fiel daquilo que se viu dentro das quatro linhas.
Sim, é verdade que os dragões tiveram uma entrada autoritária em campo, e, depois de abrirem o marcador logo aos quatro minutos, após um cabeceamento impetuoso de Luis Díaz após cruzamento do inevitável Alex Telles, encostaram os cónegos à própria grande área.
Mas, após o final do primeiro quarto de jogo, a equipa orientada por Ricardo Soares deu uma réplica à altura, marcou por intermédio de Fábio Abreu - num golo em tudo semelhante ao do adversário - e podia, inclusive, ter dado a volta.
O intervalo acabaria, no entanto, por fazer bem aos homens de Sérgio Conceição. Recolheram aos balneários, vestiram o 'fato de gala' e partiram para um segundo tempo avassalador, que, a espaços, teve momentos de puro brilhantismo, não só individual, como também coletivo.
No período de apenas dez minutos - entre os 51 e os 61 - o FC Porto assinou três golos. Otávio fez o 2-1 no seguimento de uma jogada de insistência, Alex Telles fez o 3-1 na concretização de uma grande penalidade, e Moussa Marega fez o 3-1 graças à cobrança exímia de um pontapé-livre.
O resultado estava já selado, mas os dragões queriam mais. Particularmente Tiquinho Soares, que 'saltou' do banco para assinar as duas últimas 'machadadas' da noite. O líder FC Porto passa a somar 82 pontos, mais 11 do que o Benfica (que tem menos um jogo), ao passo que o Moreirense permanece com 43 e ocupa o oitavo lugar.
A figura
Luis Díaz assinou uma exibição verdadeiramente 'diabólica', ao dizer 'presente' em cinco dos seis golos marcados pelo FC Porto no Dragão. Marcou o primeiro, sofreu a falta que originou o terceiro e o quarto, e esteve, ainda, envolvido na construção do quinto e do sexto. Um prémio que bem poderia dividir com Otávio, com quem formou uma dupla de meter 'medo'.
Surpresa
Tiquinho Soares não vinha de um momento de forma particularmente feliz - levava um golo marcado nos últimos 15 jogos - mas, quando Sérgio Conceição o lançou para o lugar de Moussa Marega, aos 64 minutos, mostrou uma imensa 'fome de bola', e, nas duas únicas oportunidades de que dispôs, marcou dois golos e mostrou ao treinador que continua a ser uma opção válida.
Desilusão
Não é simples escolher o pior elemento de uma equipa do Moreirense que, no segundo tempo, deixou, pura e simplesmente, existir. Filipe Soares acabou por ser o jogador no qual esta quebra mais se notou, somando perdas de bola atrás de perdas de bola e mostrando-se ineficaz nos duelos individuais. Não foi (só) por ele que os cónegos saíram humilhados... mas também não ajudou.
Os treinadores
Sérgio Conceição: Viu que o plano que tinha delineado para o jogo da consagração não estava a funcionar e retirou Fábio Vieira para lançar Matheus Uribe logo aos 38 minutos de jogo. Nunca é bom ver um 'menino' ser substituído tão cedo - e o próprio não escondeu a insatisfação - mas a verdade é que a estratégia funcionou em pleno. O colombiano ajudou a ganhar 'batalhas' no meio-campo e muito da vitória conquistou-se por aí.
Ricardo Soares: Muniu o Moreirense de uma autêntica 'teia' defensiva que o FC Porto se viu 'às aranhas' para conseguir desmontar na primeira parte, enquanto procurava explorar, em especial, a velocidade de Abdu Conté e Luther Singh. Os cónegos deram uma boa resposta antes do intervalo, e a verdade é que nada fazia adivinhar a 'derrocada' que viria a acontecer no segundo tempo, onde a equipa se perdeu por completo.
O árbitro
Em noite de despedida aos relvados, Carlos Xistra teve uma exibição condizente com uma carreira de 28 anos no mundo da arbitragem. O juiz da Associação de Futebol de Castelo Branco esteve discreto e acertou nas decisões mais difíceis (que não foram muitas, há que dizê-lo) a que esteve exposto. Nunca foi um árbitro consensual, mas não poderia desejar melhor despedida.