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"Estamos a viver horas muito difíceis. Itália está ajoelhada"

O Desporto ao Minuto esteve à conversa com Giacomo Iacobellis, jornalista do Tuttomercato, que nos relatou a "pior situação que viveu em 30 anos". Um país que se encontra "ajoelhado" à doença Covid-19.

"Estamos a viver horas muito difíceis. Itália está ajoelhada"

Os oito planetas que integram o sistema solar giram em torno do sol, uma verdade tão inquestionável como o planeta Terra estar, neste momento, assolado por uma pandemia que gera níveis de preocupação à escala global. 

Itália é, por estes dias, o segundo país com maior número de infetados pela Covid-19 (mais de 15 mil), mas também de vítimas mortais (onde já se atingiu a barreira dos quatro dígitos). 

O Governo transalpino declarou, na quarta-feira, o estado de quarentena em todo o país e apenas os serviços básicos de sobrevivência estão em funcionamento. O Desporto ao Minuto esteve à conversa com Giacomo Iacobellis, jornalista do Tuttomercato, que nos relatou a "pior situação que viveu em 30 anos". Um país que se encontra "ajoelhado" e que mudou os hábitos de toda a população.

A trabalhar a partir de casa, o seu melhor amigo tornou-se o computador e os temas de conversa giram sempre em torno do... coronavírus. O desporto italiano permanece num imbróglio e há algumas saídas em cima da mesa, que agrada mais a uns do que a outros, como nos conta Giacomo Iacobellis, um de 60 milhões de habitantes que se encontra em isolamento.

O dia-a-dia de um italiano na primeira pessoa: É uma situação muito complicada, estamos a viver horas muito difíceis. Em 30 anos de vida nunca tinha visto o meu país tão mal como agora. Itália está ajoelhada perante uma situação para a qual ainda não tem uma previsão de sair.

O dia a dia dos italianos é muito diferente do normal. Todos temos de ficar em casa e apenas estamos autorizados a ir a supermercados ou farmácias. Se formos para a rua por outros motivos temos de levar uma declaração connosco, em que confirmemos às autoridades as razões, que deverão ser estritamente importantes, para estarmos a quebrar o protocolo governamental. Nunca vivemos uma situação assim, mas precisamos de ficar em quarentena, porque em Itália o vírus está a propagar-se à velocidade da luz. 

A vida confinada a uma casa: Todos estamos numa situação de isolamento. Estamos impedidos de nos deslocarmos até ao nosso posto de trabalho. Agora a minha redação é em casa e o computador é o único companheiro em que posso tocar (risos). Eu e os meus colegas de trabalho do Tuttomercato estamos todos na mesma situação.

O meu dia de trabalho hoje em dia é muito diferente. Deixámos em muito pouco tempo de falar de futebol, rumores e mercado, para escrever apenas sobre o coronavírus. Hoje (nesta quarta-feira) entrevistei o internacional português Daniel Carriço, que atualmente joga no Wuhan, epicentro do Covid-19, e todas as questões estiveram relacionadas com este surto pandémico.

Desporto parado e muitos jogadores nem querem voltar: O futebol agora é o menor dos nossos problemas. Há muitos jogadores que foram para o estrangeiro e inclusivamente não querem voltar para Itália, porque hoje em dia todos querem fugir deste país (o local da Europa com maior número de infetados), uma vez que agora todos estamos de quarentena. Ronaldo não quer regressar a Itália e compreende-se perfeitamente, uma vez que o Inter e a Juve estão de quarentena, após o defesa bianconero Rugani ter acusado positivo no teste do Covid-19. 

Até os jogadores já correm para as filas do supermercado: Como disse o Governo e o primeiro-ministro Giuseppe Conte não vai haver problema em comprar comida, os supermercados continuam abertos. Agora existem regras muito apertadas: só pode ir um membro de cada agregado familiar ao supermercado, sendo que lá dentro só são permitidas um determinado número de pessoas. Cá fora exige-se que as pessoas mantenham uma distância de intervalo de pelo menos um metro. O que se passou em Nápoles com alguns jogadores (Callejón, Ospina e Llorente) na fila de compras não faz muito sentido, até porque estão a alimentar um clima de medo ao redor que não se justifica. Comida não vai faltar e não é necessário açambarcar um supermercado. De fome, não vamos morrer.

Itália, um país unido: Há uma enorme onda de solidariedade com Itália e com todos os milhões de pessoas que estão a atravessar este período. Um período difícil, mas onde não perdemos a esperança. Agora surgiu um lema em todo o país, de combate ao surto, que é: "Eu fico em casa". As pessoas, com ou sem cargo governamental, estão unidas numa missão: Não disseminar a Covid-19. 

Represálias económicas: Acredito que vai haver danos severos em todo o país e o desporto não vai passar à margem das consequências deste surto. O Governo terá de ter a solução para resolver esta crise que, acredito eu, começará por ser nacional, mas irá contagiar, perdoe-me o verbo, todo o Velho Continente.

Decisão do título na Série A: O campeonato está suspenso até ao dia 3 de abril. Não sabemos se há ou a não a possibilidade de retomar a Serie A até porque o número de infetados não para de subir, mas já se estão a avaliar várias soluções. Uma é dar o título de campeão à Juve, porque é a líder da Série A, outra é disputar o resto da prova por play-offs, o que levaria Lazio, Inter ou Juve a disputarem entre si o campeonato. Agora isto levanta muitas questões, até porque há bem pouco tempo a Lazio era a primeira e não quer que deem o título à Juve, que recuperou a liderança, recentemente, após o triunfo frente ao Inter. Também na parte baixa da classificação há bastante polémica, isto porque os clubes que estão em zona de despromoção não querem descer 'sim ou sim'.  

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