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Hugo Pereira: O português por detrás da hegemonia do Rosenborg

Técnico luso é adjunto no emblema de de Trondheim e revela os segredos deste gigante norueguês que ambiciona 'acordar' para a Europa.

Hugo Pereira: O português por detrás da hegemonia do Rosenborg
Notícias ao Minuto

08:01 - 02/12/18 por Fábio Aguiar

Desporto Exclusivo

Hugo Pereira é mais um dos treinadores portugueses a elevar o nome do nosso país além fronteiras. Na Noruega desde 2011, altura em que foi convidado para chefiar a Academia do Follo FK, então no segundo escalão, o técnico foi contratado pelo Rosenborg no ano seguinte e desde aí tem contribuído de forma direta para o sucesso do clube. O último feito foi a conquista do tetracampeonato, selado no último fim de semana, após o empate caseiro (1-1) com o Bodo/Glimt.

"É o quatro título consecutivo e ao fim de algum tempo há a tendência natural e inevitável de se entrar numa fase de relaxamento. E é contra isso que nós tentámos lutar esta época. Os jogadores continuam super motivados, mas este título foi mais difícil. Nas outras temporadas fomos campeões a cinco ou seis jornadas do fim e esta foi mais renhida. Estivemos sempre no papel de perseguidores e fomos a casa do segundo classificado vencer e estender para cinco pontos a nossa vantagem. Penso que esse foi o momento que ficou marcado para nós e para os jogadores. Dos últimos quatro anos, este foi o título mais saboroso de conquistar", começou por dizer o técnico luso, em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.

"Virámos uma desvantagem de sete pontos do Brann, que liderava o campeonato nos primeiros 15 jogos, e nós estávamos em terceiro. Em poucos encontros conseguimos reduzir a desvantagem, passar para a frente e manter a distância de um ou dois pontos até a quatro jornadas do fim, quando fomos jogar a casa do Brann. Vencemos e ficámos com mais cinco pontos. Aí decidimos as coisas. Penso que o facto de termos começado menos bem a época e de sermos obrigados a correr atrás do prejuízo funcionou um pouco como motor de motivação para nós", acrescentou.

Uma semana depois de levantar esse tão desejado troféu, o Rosenborg quer colocar a "cereja no topo do bolo". Este domingo há novo desafio, na final da Taça da Noruega, diante do Stromsgodset, 13.º classificado do campeonato. "No ano passado só conseguimos chegar aos 'quartos', mas há duas épocas fizemos a dobradinha. É isso que procuramos agora para que a época seja perfeita em termos internos", frisou o treinador, antes de fazer um balanço à prestação europeia da sua equipa.

No grupo B, juntamente com Leipzig, Salzburgo e Celtic, o Rosenborg não tem tido vida fácil. Atualmente, a formação norueguesa ocupa o último lugar, ainda sem qualquer ponto. "É uma combinação de dois fatores: o primeiro foi a falta de sorte no sorteio e o segundo é o facto de estarmos num grupo que tem quatro clubes que começaram a época na qualificação para a Liga dos Campeões. Nenhum conseguiu esse apuramento e depois acabámos no mesmo grupo da Liga Europa. Isso atesta bem a dificuldade nesta fase. Além disso, nós temos o handicap de competir num campeonato em que temos cinco ou seis jogos que são claramente desafiantes. O andamento é diferente, isso nota-se. A intensidade com que se joga é totalmente distinta", explicou.

Notícias ao MinutoHugo Pereira realizou um estágio com José Mourinho, em 2016, em Manchester. © Hugo Pereira

Um gigante norueguês que sonha 'acordar' para a Europa

Com 26 campeonato e 11 Taças da Noruega, o Rosenborg é um gigante do futebol nórdico. No entanto, a ambição dos seus responsáveis é 'acordar' na Europa e, aos poucos, ganhar o seus espaço na mais importante prova de clubes do Velho Continente. Confiante nesse caminho, Hugo Pereira revela os planos do emblema de Trondheim para o futuro a curto prazo.

"Todos os anos se fala em reforçar a equipa, em desenvolver processos e em recrutar staff para termos condições de chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões. Nota-se que há essa ambição e essa vontade de evoluir. Infelizmente, chegamos a setembro e as coisas não se concretizam e acabamos por competir num nível que se ajusta mais ao nosso futebol. E isso acaba por ser a melhor aprendizagem. No ano passado jogámos contra a Real Sociedad e o Zenit e a cada jogo da Liga Europa somos melhores, mais conscientes e mais maduros. Aos poucos vamos fazendo esse caminho", sublinhou.

Notícias ao MinutoTécnico português mostra-se confiante no crescimento do futebol norueguês. © Hugo Pereira

Odegaard é a 'estrela guia' para um futuro risonho

As presenças das seleções de sub-17 e sub-19 nas fases finais dos Campeonatos da Europa das respetivas categorias, bem como o primeiro lugar da Noruega no grupo da Liga das Nações, são os primeiros sinais de evolução no futebol daquele país. "O futebol está a mudar, é cada vez mais prático e efetivo e adapta-se ao tipo de jogadores que temos no país. Estou muito otimista em relação ao trabalho que tem vindo a ser feito. Temos um miúdo, com 17 ou 18 anos, que vai agora do Bodo para o Salzburgo, com um enorme potencial e que certamente vai chegar longe, e há mais três ou quatro jovens com muito valor. Por isso, tenho a certeza que nos próximos anos as coisas vão funcionar muito bem", sublinhou, olhando para uma das maiores referências do futebol norueguês da atualidade: Martin Odegaard. 

"É um menino, tem 19 anos e foi lançado para a ribalta com 17 anos, quando foi contratado pelo Real Madrid. Foi emprestado ao Heerenveen e agora ao Vitesse, onde tem despontado um pouco mais. É um jovem com muito valor, mas que precisa de tempo. Penso que vai acontecer com ele o que eu prevejo que vá acontecer com as seleções. As coisas com ele passaram-se muito depressa e depois houve uma regressão à normal. Neste momento ele está a ter a progressão que deveria ter tido, ou seja, a jogar regularmente, num futebol holandês que se adapta na perfeição ao seu estilo e acredito que vai chegar ao topo. No futebol é assim...", considerou. 

Notícias ao MinutoDepois de um largo trajeto como adjunto, Hugo Pereira admite a vontade de iniciar a carreira de treinador principal.© Hugo Pereira

Preparado para seguir o seu caminho a solo

Em final de contrato com o Rosenborg, Hugo Pereira tem neste momento todas as opções em aberto. Entre a continuidade na Noruega e o regresso a Portugal, o técnico, que recentemente terminou o quarto nível tem apenas uma certeza. "Estou mais disponível e motivado para iniciar o meu caminho e ser treinador principal. No entanto, também estou contente onde estou, sinto que já me adaptei ao país, o mercado escandinavo é extenso e, utilizando um cliché, 'no projeto certo, no momento certo, as decisões tomam-se. Neste momento estou disponível para tudo", finalizou. 

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