A banda desenhada sempre teve os seus leitores fiéis mas nos últimos anos ganhou novo impulso motivado pelos filmes e séries baseados em comics e nos super-heróis. Novas gerações são conquistadas e eventos como a Comic Con Portugal e o Iberanime, que continuam a crescer e a cimentar a sua posição, ajudam a cultivar um interesse cada vez maior no universo dos comics, manga e anime. 

A Marvel e a DC continuam a ser as duas grandes editoras e a disputa entre as duas rivais tem levado a uma guerra de contratações, com a DC a conseguir roubar um dos principais trunfos da Marvel, como destaca Vasco Lopes da BD Mania, uma das lojas de comics mais conhecidas de Lisboa, nas escolhas de 2017 que fez para o Notícias ao Minuto.

Mas nem só de super-heróis vive a banda desenhada. Há títulos para todos os gostos e uma editora em particular tem vindo a apresentar histórias de grande qualidade.

Vasco Lopes, livreiro da BD Mania

"Pela positiva não posso deixar de destacar o Tom King, atual escritor do Batman. Histórias originais, bem contadas, com mudanças no quotidiano do herói da DC, sendo a proposta de casamento que o Batman faz à Catwoman o melhor exemplo. Numa altura em que os comics passam por uma certa crise de ideias, com a Marvel a ser a maior responsável por essa crise devido à tentativa falhada de inserir "diversidade" no seu mundo, o Tom King prova que ainda há muita coisa original por fazer sem delapidar as personagens, como a Marvel tem feito nos últimos anos. Sem dúvida que o Tom King é um dos escritores da moda, mas é o de forma justificada. Basta ler o ‘Mr. Miracle’ ou o ‘Sheriff of Babylon’ para o comprovar.

O universo dos Comics foi impulsionado pela aposta dos filmes e das séries nas suas personagens© BD Mania

Também não posso deixar de mencionar o regresso dos Watchmen ao universo da DC Comics. ‘Doomsday Clock’ (a nova série da DC onde isso acontece) superou em larga escala as minhas expectativas. Como é que as personagens criadas por Alan Moore na década de 80 vão encaixar no universo da DC ainda é um mistério, mas ao ler o número 1 do Doomsday Clock senti que estava a ler uma sequela do ‘Watchmen’ que não só respeita o legado deixado pelo Alan Moore como traz qualquer coisa de novo.

Ainda no universo da mesma editora é imprescindível falar da contratação do Brian Michael Bendis, que durante mais de uma década foi talvez a figura maior da rival Marvel. A notícia caiu como uma bomba e o que daí virá ainda é uma incógnita, mas sabendo do apreço que o Bendis tem pelo Batman e o gosto que tem em "desenterrar" personagens menores e aumentar-lhes a dimensão, advinham-se coisas boas.

Uma última palavra para a Image, editora onde se encontram as melhores histórias da atualidade. Se durante décadas a Vertigo, uma linha da DC Comics mais adulta e que nos trouxe séries tão boas como Preacher, 100 Bullets, Sandman ou Hellblazer, foi rainha nesse segmento, hoje é a Image que tem esse papel. Boas histórias, bons desenhos e liberdade criativa."