Lançado um ano depois da criação do grupo - em 1981 - o registo discográfico continha no lado B a música 'Espelho Meu', mas foi 'Portugal na CEE' que se impôs, "na rádio e na TV", como diz a letra do tema, cantarolado por milhares de fãs na época.
"Portugal e a CEE/Quanto mais se fala menos se vê/eu já estou farto e quero ver/Quero ver Portugal na CEE", instava a letra do tema criado por Vítor Rua, um dos elementos fundadores do grupo nascido no Porto, em 1980, ainda sem o vocalista Rui Reininho.
O "apelo" cantado pelo Grupo Novo Rock (GNR), com a letra em tom irónico, teria de esperar mais quatro anos até finalmente se concretizar a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1985.
Os GNR - que celebraram este ano 35 de carreira - constituíram-se oficialmente em setembro de 1980 com Toli César Machado (bateria), Alexandre Soares (guitarra) e Vítor Rua (guitarra e sintetizadores), e pouco depois entrou para a banda o baixista Mano Zé, que já tinha tocado com Rui Veloso.
Logo a seguir houve mudanças na composição do grupo, com a saída de Mano Zé, a entrada de Miguel Megre, e o lançamento de um novo single, no mesmo ano, intitulado "Sê um GNR", que acabou por vender até mais do que o primeiro.
Só em setembro desse ano entraria para a banda o vocalista Rui Reininho, permanecendo até hoje como um dos três pilares do grupo, tal como Jorge Romão (baixo), e Toli César Machado (na bateria, acordeão e guitarra).
Os GNR, que viriam a tornar-se uma das bandas mais importantes da história da música portuguesa, celebraram 35 anos de carreira este ano com a criação de um estúdio e da própria editora - a Indiefada - lançando o seu 12º álbum de originais, intitulado "Caixa Negra".
Vítor Rua, hoje com 54 anos, autor de 'Portugal na CEE', saiu da banda em 1982, formou os Telectu com Jorge Lima Barreto, e a solo lançou o disco 'Pipocas' dos PSP (1988), 'Clássicos GNR' (1989) e 'Vydia' (1991), entre outros.
Tem-se dedicado a diversos projetos musicais, não só de rock, mas também música contemporânea, sobretudo de caráter experimental, na área do jazz e eletroacústica.
Letra completa de 'Portugal na CEE', dos GNR:
"Na rádio, na TV
nos jornais, quem não lê
Portugal e a CEE
Quanto mais se fala menos se vê
eu já estou farto e quero ver
Quero ver Portugal na CEE
Quero ver Portugal na CEE
À boleia, pela rua
lá vou eu ao mercado comum
mal lá cheguei, vi o boss
tinha cunhas, foi o que me valeu
perguntei-lhe "Qual era a tua ò meu ?"
Quero ver Portugal na CEE
Quero ver Portugal na CEE
E agora, que já lá estamos
vamos ter tudo aquilo que desejamos
um PA p'ras vozes e uma Fender
Oh boy, é tão bom estar na CEE"