"Fiquei admirado, mas também satisfeito, não por mim, mas pelo que significa em termos de opção política de reconhecimento do contributo dos imigrantes", afirmou Lívio de Morais, em declarações à Lusa.
A Casa da Cultura Lívio de Morais, na União das Freguesias de Agualva e Mira Sintra, visa homenagear o pintor e escultor moçambicano, que aproveitará a ocasião para inaugurar uma exposição da sua obra.
A atribuição do nome de Lívio de Morais à casa da cultura de Mira Sintra foi aprovada pela Câmara de Sintra, em dezembro de 2014, por proposta do vice-presidente da autarquia, Rui Pereira (PS), acolhendo uma sugestão da assembleia de freguesia.
"As homenagens devem também ser efetuadas em vida, permitindo aos homenageados sentir o merecido reconhecimento público", justificou o também vereador da Cultura na proposta que submeteu ao executivo municipal.
Segundo o autarca, além do vasto currículo, Lívio de Morais, enquanto residente em Agualva-Cacém, "sempre teve a capacidade única de conjugar a multiculturalidade de que a cidade é referência".
Lívio Sebastião de Morais nasceu a 10 de maio de 1945, em Moçambique, iniciou-se aos 20 anos nas artes plásticas, no Núcleo de Arte de Lourenço Marques (Maputo), e decidiu estudar em Portugal, em 1971.
Nos 44 anos em Portugal -- vai ao país natal "duas vezes por ano", confessou --, licenciou-se na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e foi professor, durante 36 anos, na Escola Secundária Ferreira Dias, no Cacém.
Autarca eleito pelo PS para a assembleia e executivo da antiga freguesia de Agualva-Cacém, o também escritor e investigador de arte africana é atualmente conselheiro, como representante da comunidade moçambicana, do órgão de consulta do Alto Comissariado para as Migrações.
"É uma grande responsabilidade para mim e para África", admitiu Lívio de Morais, em relação à distinção da autarquia de Sintra, assumindo que a casa da cultura deve funcionar com "uma maior abertura multicultural e espaço de reflexão de problemas atuais, da fome, da miséria e do desemprego".
Na sua opinião, os imigrantes africanos, e de outras origens, deviam ter um espaço institucional "para falar dos seus problemas", e gostaria de ver uma maior representatividade destas comunidades nos principais órgãos de soberania portugueses.
A casa da cultura de Mira Sintra foi inaugurada em junho de 2008, destinada a acolher espetáculos de música, teatro e dança, bem como exposições, colóquios, seminários, palestras, conferências, "ateliers" e "workshops".
O equipamento possui um espaço internet e de leitura de periódicos e biblioteca, salas cedidas pelo município ao Teatromosca e a outras duas instituições, uma sala polivalente e salas multiusos destinadas a atividades de associações do concelho.
Lívio de Morais inaugura, no domingo, uma exposição de pintura e escultura e vai doar, para já, à casa da cultura que recebe o seu nome, uma peça em bronze e duas em pedra, prometendo completar a oferta também com quadros da sua autoria.