"Começamos com os filmes mudos, por exemplo, 'Braza Dormida', de Herberto Mauro (1928), e 'Limite', de Mário Peixoto (1929) - dois grandes clássicos do cinema mudo -, até aos filmes da nova geração de cineastas, com curtas-metragens ou com primeiras longas-metragens", explicou à Lusa o programador, que descobriu o cinema brasileiro durante os nove anos em que trabalhou na Semana da Crítica do Festival de Cannes.
O panorama do cinema brasileiro propõe, ainda, uma viagem pelas "chanchadas" (comédias) dos anos 50, à boleia de filmes como "Absolutamente Certo", de Anselmo Duarte, passando pelo Cinema Novo dos anos de 1960, com "Antonio das Mortes", de Glauber Rocha, ou "Ganga Zumba", de Carlos Diegues.
Depois, há filmes do Cinema Marginal dos anos 1970, como "O Bandido da Luz Vermelha", de Rogério Sganzerla, e obras mais populares da mesma década, como "Dona Flor e seus dois maridos", de Hector Babenco.
A retrospetiva vai também projetar filmes mais conhecidos como "Central do Brasil", de Walter Salles, e a "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, assim como os "representantes de uma nova geração", como "Madama Satã", de Karim Aïnouz, e uma série de documentários e curtas-metragens experimentais.
O convidado especial que vai marcar presença na inauguração da retrospetiva é o realizador Carlos Diegues, numa "homenagem a uma figura do Cinema Novo e a um cineasta francófilo que faz a ponte entre o Brasil e a França", justificou Bernard Payen, sublinhando que "um filme como 'Bye Bye Brasil' [1979] é uma obra de transição entre o Brasil antigo e o Brasil moderno", da mesma forma que "a retrospetiva quer ser um testemunho dessa transição", disse Bernard Payen à Lusa.