Com tradução de Ana Raquel Santos, na edição portuguesa, 'Habibi' é atravessado por duas personagens: Dodola, uma menina que se torna escrava, depois de ter sido forçada a casar-se com um homem mais velho, e Zam, um bebé escravo de quem cuidará, num barco encalhado no deserto, até à separação.
Reencontram-se na idade adulta e é a vida de ambos que Criag Thompson regista nesta novela gráfica, com mais de 600 páginas, acrescentando múltiplas referências à arte e cultura islâmicas, fazendo a ponte com o mundo ocidental.
Inspirado em "As mil e uma noites", Craig Thompson enaltece a tradição da narração oral de histórias que se embrenham umas nas outras, numa banda desenhada sem super-heróis, que se debruça sobre a humanidade.
Numa entrevista dada em 2011, Craig Thompson explicou que, neste livro, lhe interessava cruzar o sagrado e o profano, misturar referências da Bíblia e do Corão com a linguagem da banda desenhada, a técnica da caligrafia árabe e a numerologia.
Através de Dodola e Zam, Craig Thompson aborda, entre fantasia e realidade, temas como a condição da mulher no mundo islâmico, a sexualidade, a espiritualidade, o amor e a amizade, a escravatura.
'Habibi' (que significa "amado") foi elogiado pela grandiosidade do desenho - o perfecionismo no detalhe -, mas também recebeu críticas pela forma como Craig Thompson interpretou o mundo islâmico, sobretudo sobre o estatuto das mulheres.
O livro foi publicado em 2011, mas Craig Thompson dedicou-lhe cerca de sete anos, de laborioso desenho feito à mão, a carvão e tinta. Com ele conquistou o prémio Eisner.
Craig Thompson, 39 anos, publicou em 2003 a banda desenhada autobiográfica "Blankets", que lhe deu várias distinções e que também está publicado em Portugal pela Devir.
Além destes dois livros, Craig Thompson publicou "Good-bye, Chunky Rice" (1999) e "Carnet de voyage" (2004) e está a terminar a banda desenhada "Space dumplins".
Craig Thompson esteve em Portugal em 2009, a convite do Festival de BD de Beja.