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Ana Paula Tavares diz que Camões não é lido e é pouco conhecido em Angola

A vencedora do Prémio Camões 2025, Ana Paula Tavares, disse hoje no Folio que Luís de Camões não é estudado, não é lido e é pouco conhecido em Angola, apesar de a sua escrita ter influenciado a literatura.

Ana Paula Tavares diz que Camões não é lido e é pouco conhecido em Angola

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Lusa
17/10/2025 23:54 ‧ há 12 horas por Lusa

Cultura

Prémio Camões

"Não, Camões não é estudado, não é lido e é pouco conhecido, a não ser por interesse de um ou de outro professor e interesse de um ou de outro jovem", afirmou a escritora e professora angolana, no Folio, Festival Literário Internacional de Óbidos, onde hoje participou numa conversa sobre o tema 'As fronteiras de Camões ou Camões sem Fronteiras'.

 

A vencedora do Prémio Camões diz que o desconhecimento da obra de Camões em Angola se deve a "uma modificação muito grande na elaboração e na escolha dos manuais escolares", no país, que privilegiou autores angolanos e deixou de fora as obras do escritor português.

"Angola acabava de ser independente e era preciso criar, digamos assim, uma identificação angolana, africana e, portanto, aquilo em que se investiu nesses primeiros tempos foi para um conhecimento de autores angolanos e autores africanos".

Essa modificação "trouxe para os currículos escolares muitos outros autores, criou um grande afastamento de Camões, mas também um grande afastamento de Luandino Vieira, António Jacinto, António Cardoso", escritores angolanos que "tinham realmente criado a literatura angolana" e em cuja obra a escritora encontra algumas influências do autor português.

Luandino Vieira "tem as suas leituras de Camões em várias das histórias, as suas muito particulares leituras de Camões, como tem de Shakespeare, como tem de Cervantes", o que permitiu, na sua obra, "que a língua portuguesa ficasse ensopada das outras línguas nacionais", disse Ana Paula Tavares.

Uma opinião, em Óbidos, também partilhada pelos escritores Orlando Piedade, de S. Tomé e Príncipe, e José Luíz Tavares, também responsável pela tradução de poemas de Camões para a língua cabo-verdiana.

Os dois escritores testemunharam na sessão que Camões não é estudado nos seus países, mas consideram, ainda assim, tratar-se de um escritor "sem fronteiras" e haver muita poesia camoniana espalhada pelos países lusófonos.

Ana Paula Tavares, anunciada há pouco mais de uma semana vencedora do Prémio Camões 2025, é doutorada em Antropologia da História, pela Universidade Nova de Lisboa, e mestre em Literatura Brasileira e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Universidade de Lisboa, pela qual se licenciou em História e onde atualmente é docente na Faculdade de Letras.

Entre as suas obras contam-se 'Ritos de passagem', 'O Sangue da buganvília' e 'Manual para amantes desesperados'.

O Folio, que cumpre a sua 10.ª edição até domingo, em Óbidos, conta nesta edição com três laureados do Prémio Nobel da Literatura, entre os quais o sul-africano J.M. Coetzee, distinguido em 2003, que participa hoje à noite numa conversa com o público.

A escritora e jornalista bielorrussa Svetlana Alexievich, Nobel da Literatura em 2015, esteve em Óbidos no passado fim de semana, e o laureado deste ano, László Krasznahorkai, participará no festival no próximo domingo.

Organizado pelo município de Óbidos, em parceria com a empresa municipal Óbidos Criativa, a Ler Devagar e a Fundação Inatel, o Fólio realiza-se desde 2015 na vila classificada como Cidade Criativa da Literatura pela UNESCO.

Leia Também: Marcelo Rebelo de Sousa felicita Ana Paula Tavares pelo Prémio Camões

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