O evento, que decorre na Biblioteca de Marvila e na Escola Secundária de Camões, é promovido pelo grupo Eufémias, um coletivo criado em 2020 por seis artistas, investigadoras e formadoras da Argentina, Brasil e Portugal.
O objetivo deste festival é "ampliar as perspetivas sobre os conceitos de género, memória e resistência" e dar "visibilidade a iniciativas artísticas concebidas a partir de perspetivas de género - de caráter interseccional", segundo a organização.
Assim, a programação inclui espetáculos de teatro, dança e performance, com foco em ancestralidade, diáspora e memórias, destacando criações de mulheres de diversas origens, acrescenta, em comunicado.
O programa abre no dia 29 de outubro, às 21h30, com o espetáculo '#3 Musa Acuminata Cavendish', de Flávia Gusmão e do grupo de Batucadeiras Finka Pé, no Auditório da Escola Secundária de Camões, que integra o projeto NA LUT@, dedicado à ativista cabo-verdiana Samira Pereira.
Nos dias seguintes, serão apresentadas criações de artistas de Portugal, América Latina, África e Médio Oriente, abordando temas como a ancestralidade, a diáspora, o luto e a desconstrução de estereótipos femininos.
Entre os destaques, contam-se a ante-estreia da peça de teatro 'Penelopíada', de Susana Cecílio, no dia 30, a performance documental 'FRAGMENTOS', que celebra a mulher negra enquanto produtora de conhecimento sobre a sua própria história, de Marisa Paulo, e a história dançada 'SerEstando Mulheres', de Ana Cristina Cola, atriz da da companhia brasileira Lume Teatro, no dia 31.
A programação inclui ainda a 'Parada de Rua', no dia 02 de novembro, uma ação cénica que resulta de um laboratório de pesquisa teatral orientado por Ana Woolf e Ana Cristina Colla.
Outros momentos do festival incluem a performance 'Pai para Jantar', de Gaya de Medeiros, no dia 05, a peça 'Uma Carta para a Minha Mãe', do artista sírio Shadi Alaiek, e 'Mestizage Salvaje', de Samadi Valcarcel, uma reflexão sobre a identidade mestiça e a identidade boliviana, ambas no dia 06.
No dia 07 de novembro sobem à cena 'Adicionar um Lugar Ausente', de Keli Freitas, 'Mulher Enciclopédica', de Poliana Tuchia e Keli Freitas, e 'Minha Primeira Vez', de Paolle Berklyn, que encerra o festival a 08 de novembro.
A par dos espetáculos, o Festival Eufémia promove formações e diálogos, propondo iniciativas como o laboratório intensivo 'Pesquisa e Composição Teatral através do Jogo', orientado por Ana Woolf e Ana Cristina Colla, e a oficina 'Manifestação Drag Queer', ministrada por Paolle Santos.
Haverá lugar ainda para os Diálogos, momentos de reflexão, discussão e partilha sobre os temas que o festival propõe, de entrada livre, que se realizam na Escola Secundária de Camões e incluem as sessões 'Escritas da Resistência' (05 de novembro) e 'Género, Memória e Resistência em Cena' (06 de novembro), com a participação de artistas e investigadores de vários países.
A programação conta ainda com atividades complementares, como o jogo-performance 'Atlas da Meritocracia', de André Tecedeiro e Laura Falésia, a oficina 'Com travo de chá de menta', de Shahd Wadi e Bernardo Afonso, e a instalação-performance 'Corpos da Desobediência', de Pepa Macua.
O público poderá ainda visitar as exposições 'Me Apavora a Ideia de Esquecer', de Poliana Tuchia e Beth Freitas, e 'Body Building - DIY', de Diana V. Almeida, patentes na Biblioteca de Marvila durante todo o festival.
Entrelaçando arte e memória, o Festival Eufémia assume-se como um espaço de reflexão, resistência e partilha, propondo-se questionar desigualdades sistémicas e promover uma sociedade mais inclusiva e intercultural.
Leia Também: Festival do Órgão e da Música Sacra com concertos em 12 concelhos do Norte