O Remix Ensemble estreou-se em palco anos antes da inauguração da Casa da Música, no dia 20 de outubro de 2000, no auditório da Universidade de Aveiro, numa atuação que incluía, na folha de sala, a seguinte frase, como lembrou à Lusa o antigo diretor artístico da Casa e responsável pela criação do ensemble, António Jorge Pacheco: "O concerto a que vamos assistir corresponde, sem exagero nem retórica de circunstância, a um momento histórico para a música em Portugal".
Passados 25 anos, "o Remix ainda aí está, ainda existe e continua a corresponder à sua missão e ao perfil artístico desenhado inicialmente", afirmou António Jorge Pacheco, que deixou a direção artística da Casa da Música no começo deste ano.
No mesmo sentido, o compositor António Pinho Vargas - ligado à criação daquele conjunto enquanto parte do Conselho Consultivo da Porto 2001 e que tem trabalhado com o Remix ao longo dos anos - realçou, num texto partilhado com a Lusa, que a história do Remix "durante estes 25 anos cumpriu plenamente o seu desígnio".
"Pela sua qualidade inegável celebramos os seus 25 anos, celebramos as criações que constam da sua história e sublinhamos a importância da sua continuação futura nos mesmos termos que até 2025 favoreceram a sua implantação decisiva para a música portuguesa e europeia, mas também para os seus ouvintes que não encontram noutros palcos, aquele que é o seu repertório específico neste patamar de excelência", escreveu o compositor de "Six Portraits of Pain".
António Jorge Pacheco lembrou as centenas de concertos do ensemble, dirigido pelo alemão Peter Rundel desde 2005, pelo território português e além dele, tendo dado a oportunidade aos públicos nacionais de se "confrontarem com reportório que não conheciam, de todo".
Para lá do papel enquanto divulgador da música contemporânea, que em grande parte dos concertos efetuou estreias nacionais de obras ou até de compositores, o Remix Ensemble tem também funcionado como divulgador da música portuguesa a nível europeu.
Questionado sobre se vê o futuro do agrupamento como duradouro, António Jorge Pacheco responde que depende da definição da palavra: "Acredito que continua, mais do que nunca, a justificar-se a existência deste agrupamento. Num horizonte que consigo imaginar, o Remix Ensemble não é dispensável nem descartável".
"O conjunto de compositores europeus frequentemente presentes ou associados a projetos apresentados na Casa da Música e as encomendas, por vezes em regime de coprodução, demonstraram a entrada do Remix nos circuitos específicos da música contemporânea na Europa, onde o seu prestígio lhe permitiu obter um estatuto difícil de alcançar. Não existe em Portugal, tantos anos passados, um seu equivalente", escreveu Pinho Vargas.
O concerto de terça-feira, às 21:00, na Sala Suggia, vai contar com o tenor alemão Christoph Prégardien, num programa, em estreia nacional, de "apresentação de uma nova versão do ciclo de canções de Schubert 'A Bela Moleira'", tendo Johannes Maria Staud sido responsável pela partitura.
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