"Estou profundamente feliz por ter recebido o Prémio Nobel - sobretudo porque este prémio prova que a literatura existe por si só, além de diversas expectativas não literárias, e que ainda é lida. E para aqueles que a leem, oferece uma certa esperança de que a beleza, a nobreza e o sublime ainda existem por si mesmos. Pode oferecer esperança mesmo àqueles em quem a vida em si apenas se esvai", afirma o autor de 'O Tango de Satanás', numa declaração por escrito, enviada à agência Lusa.
"Confie - mesmo que pareça não haver motivo para tal", remata László Krasznahorkai, que assinou os argumentos de diferentes filmes do cineasta húngaro Béla Tarr, como 'O Cavalo de Turim'.
O novo romance de László Krasznahorkai, 'Herscht 07769', numa tradução de João Miguel Henriques, é publicado na próxima segunda-feira, em Portugal, pela Cavalo de Ferro.
Segundo comunicado da editora, trata-se de uma "sátira devastadora sobre o mundo e a política de hoje".
Este "é o grande romance sobre a Europa do século XXI, escrito numa única frase vertiginosa", que aborda "a desintegração social e o colapso ecológico, o nacionalismo e o globalismo, e a linha ténue que separa a civilização e a 'barbárie'".
O autor húngaro estará este mês em Portugal, nos próximos dias 18 e 19, para participar no festival literário Folio, a decorrer desde hoje em Óbidos, no distrito de Leiria.
O escritor magiar, nascido em 1954, foi já distinguido com outros prémios literários, nomeadamente o America Award in Literature, em 2014, o Man Booker International Prize, em 2015, o Prémio Kossuth e o National Book Award for Translated Literature, em 2019, o Austrian State Prize, em 2022, e o Prix Formentor em 2024.
László Krasznahorkai foi hoje distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, tornando-se o segundo autor do seu país a ser distinguido com este galardão, depois de Imre Kertész (1924-2016) o ter recebido em 2002.
O júri da Academia Sueca, que outorga o prémio, justificou a escolha de László Krasznahorkai "pela sua obra convincente e visionária que, no meio do terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".
Na opinião do escritor alemão W.G. Sebald (1944-2001), o autor de 'Austerlitz', durante anos professor de literatura na Universidade de East Anglia, no Reino Unido, "a universalidade da visão de Krasznahorkai rivaliza com a das 'Almas Mortas' de Gogol, e ultrapassa em muito todas as preocupações menores da escrita contemporânea".
Depois de vários anos a residir em Berlim, Krasznahorkai retirou-se para as colinas de Szentlászló, na Hungria.
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