Espanha decidiu que não irá participar no Festival da Eurovisão da Canção caso Israel participe no certame.
A proposta de boicote foi votada no Conselho de Administração e foi aprovada, "por maioria absoluta", com 10 votos a favor, quatro contra e uma abstenção, anunciou o presidente da RTVE, José Pablo López, numa publicação nas rede social X.
"Espanha retirar-se-á da Eurovisão se Israel continuar no certame", escreveu José Pablo López.
Espanha é o primeiro país do grupo conhecido como 'Big 5' a anunciar este boicote.
Fazem parte dos 'Big 5' as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) e, assim, para a organização do Festival Eurovisão da Canção. São eles Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Itália e as canções destes países têm acesso direto à final em cada edição do festival.
Espanha é o quinto país a dar conta desta decisão, depois de também os Países Baixos, a Eslovénia, a Islândia e a Irlanda o terem feito
Espanha já tinha 'ameaçado' decisão
A possibilidade de a Espanha não participar no Festival Eurovisão da Canção surgiu através do ministro da Cultura do país, Ernest Urtasun, na semana passada, altura em que considerou que "não se pode normalizar a participação de Israel nos fóruns internacionais".
"Não creio que possamos normalizar a participação de Israel nos fóruns internacionais como se nada estivesse a acontecer", disse o ministro em declarações ao programa La Hora de La 1 da RTVE.
"É uma decisão da RTVE, mas o que posso dizer é que se Israel participar e não o conseguirmos expulsar, então medidas como a que referiu [retirada] terão de ser tomadas", afirmou.
Espanha não é o único país a defender a expulsão de Israel
Irlanda, Países Baixos, Eslovénia e Islândia são os restantes países que já confirmaram que não vão participar na próxima edição da Eurovisão, na Áustria, caso Israel não seja expulso devido à ofensiva em Gaza.
A emissora estatal dos Países Baixos, a AVOTROS, defendeu que "não pode justificar mais a participação de Israel na situação atual, dado o severo e contínuo sofrimento humano em Gaza" e revelou que tem "mantido reuniões regulares com a UER e outras emissoras públicas europeias sobre o futuro e a natureza do Festival Eurovisão da Canção", incluindo a participação de "Israel nas atuais circunstâncias".
Já a irlandesa RTÉ "considera que a participação da Irlanda seria inconcebível, dada a contínua e terrível perda de vidas em Gaza" e a RTVLO, emissora pública da Eslovénia, anunciou que só irá confirmar a participação na Eurovisão quando "ficar claro se a UER tomará alguma decisão sobre a participação de Israel".
A Islândia, por seu turno, afirmou que a retirada será "provável se não houver uma mudança na posição da EBU".
Israel foge à polémica
Apesar da polémica, o diretor da rádio pública israelita Kan recusou-se a retirar-se do Eurovisão 2026.
"Não há razão para que Israel deixe de ser uma parte importante deste evento cultural, que não pode tornar-se político", defendeu Golan Yochpaz, diretor executivo da rádio, num evento de apresentação do novo conteúdo da emissora para este outono, noticiado pelo 'The Times of Israel'.
O diretor do Festival Eurovisão da Canção, Martin Green, disse na sexta-feira à agência de notícias AFP que cada membro da EBU pode decidir livremente se quer ou não participar no concurso e que essa decisão será respeitada.
"Compreendemos as preocupações e opiniões (...) relativas ao conflito em curso no Médio Oriente", afirmou Martin Green.
O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela EBU, a primeira aliança mundial de meios de comunicação social de serviço público, fundada em 1950, em cooperação com mais de 35 países, e da qual a Rádio e Televisão de Portugal (RTP) faz parte.
O concurso realiza-se anualmente desde 1956 e já houve países excluídos, caso da Bielorrússia, em 2021, após a reeleição do presidente Aleksandr Lukashenko, e da Rússia, em 2022, após a invasão da Ucrânia.
Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar, em 1973, e ganhou quatro vezes.
Na edição deste ano, em maio, em Basileia, Suíça, Israel ficou em segundo lugar.
A presença de Israel no concurso foi contestada por artistas que já participaram no concurso e por países como Espanha e Finlândia.
Este ano, Israel foi representado por Yuval Raphael, uma das sobreviventes do ataque do grupo extremista islamita Hamas em solo israelita, em 07 outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, e após o qual teve início a atual ofensiva militar israelita sobre Gaza.
[Notícia atualizada às 11h56]
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