O ministro espanhol da Cultura, Ernest Urtasun, defendeu a possibilidade de retirar Espanha do Festival Eurovisão da Canção até à expulsão de Israel, considerando que "não se pode participar a participação de Israel nos fóruns internacionais".
"Não creio que possamos normalizar a participação de Israel nos fóruns internacionais como se nada estivesse a acontecer", disse o ministro em declarações ao programa La Hora de La 1 da RTVE, na segunda-feira.
Apesar de reconhecer que a decisão de participar no concurso europeu "cabe à TVE", a estação pública do país, Urtasun afirmou que "terão de ser tomadas medidas".
"É uma decisão da RTVE, mas o que posso dizer é que se Israel participar e não o conseguirmos expulsar, então medidas como a que referiu [retirada] terão de ser tomadas", afirmou.
O ministro frisou ainda que eventos como a Eurovisão são "uma certa representação do país" e não é apenas "um artista individual" que participa no concurso.
Em maio, o primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, já tinha defendido a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção e de outras competições internacionais, tal como aconteceu com a Rússia após a invasão da Ucrânia, em 2022.
"Não podemos permitir duplos 'standards'", disse Sánchez, na altura, realçando que "ninguém levou as mãos à cabeça" quando a Rússia foi excluída de competições desportivas internacionais ou de iniciativas como a Eurovisão.
Além disso, a participação de Israel na 69.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, em Basileia, na Suíça, levou a momentos de tensão entre a televisão pública espanhola RTVE e a UER.
No prólogo da atuação da candidata israelita, Yuval Raphael, na primeira semifinal, os comentadores espanhóis Tony Aguilar e Julia Varela recordaram que a RTVE pediu formalmente à organização do festival para que se abra um debate sobre a continuidade de Israel. Os comentadores sublinharam ainda as "mais de 50 mil" mortes de palestinianos, incluindo 15 mil crianças.
Face aos comentários, a UER advertiu a RTVE de que seria multada se voltasse a repetir as declarações na final de sábado. No entanto, apesar da ameaça, antes da final, a televisão espanhola publicou nas suas redes sociais e emitiu uma mensagem num fundo preto, onde se lia: "Perante os direitos humanos, o silêncio não é uma opção. Paz e justiça para a Palestina".
Espanha não é o único país a defender a expulsão de Israel
Na semana passada, a Eslovénia anunciou que não participaria na Eurovisão se Israel se mantivesse entre os candidatos. A RTVSLO, emissora pública do país, realçou que esta decisão "dependerá das ações da UER" e que tomará uma decisão final dentro de alguns meses.
Sublinhe-se que, na edição deste ano, Israel esteve prestes a superar a Áustria na final da Eurovisão, que venceu nos momentos finais. A Áustria, com JJ e 'Wasted Love', recebeu um total de 436 pontos: 258 pontos do júri e 178 pontos do público. Já Israel, com Yuval Raphael e 'New Day Will Rise', somou 357, distribuídos por 60 do júri e 297 do público.
Leia Também: Artista da Eurovisão boicota própria música até expulsão de Israel