A condecoração foi atribuída ao autor do 'Auto dos Danados' no passado dia 10 de junho, de acordo com o 'site' da Presidência da República, e entregue na altura do seu aniversário.
António Lobo Antunes nasceu em Lisboa, em 01 de setembro de 1942. Licenciou-se em Medicina, pela Universidade de Lisboa em 1969, tendo-se especializado em Psiquiatria, que mais tarde exerceu no Hospital Miguel Bombarda. Optou pela escrita a tempo inteiro em 1985.
O seu primeiro livro, 'Memória de Elefante', surgiu em 1979, logo seguido de 'Os Cus de Judas', no mesmo ano, sucedendo-se 'Conhecimento do Inferno', em 1980, e 'Explicação dos Pássaros', em 1981, obras marcadas pela experiência da guerra e pelo exercício da Psiquiatria, que depressa o tornaram um dos autores mais lidos em Portugal.
A 'Fado Alexandrino' (1983) e 'Auto dos Danados' (1985), Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), sucedeu-se 'As naus', em 1988.
Vieram depois 'Tratado das paixões da alma' (1990), 'A ordem natural das coisas' (1992), 'A morte de Carlos Gardel' (1994), 'Manual dos inquisidores' (1996), 'O Esplendor de Portugal' (1997) e 'Exortação aos crocodilos' (1999), que lhe deu pela segunda vez o Grande Prémio de Romance da APE.
Numa bibliografia com perto de três dezenas de romances, cerca de metade surgiu nos últimos 25 anos, destacando-se títulos como 'Não entres tão depressa nessa noite escura' (2000) e 'Que farei quando tudo arde?' (2001), num percurso que culmina em obras como 'Diccionario da linguagem das flores' (2020) e 'O tamanho do mundo' (2022).
Pelo meio, surgiram vários volumes de 'Livro de crónicas' e ainda o livro para crianças 'A história do hidroavião' (1994), ilustrado pelo músico e amigo Vitorino.
A correspondência de guerra, organizada por Maria José e Joana Lobo Antunes, deu origem a 'D'este viver aqui neste papel descripto' (2005), que esteve na base do filme de Ivo M. Ferreira 'Cartas da guerra' (2016).
Regularmente indicado como um dos mais prováveis vencedores do Nobel da Literatura, António Lobo Antunes acumulou prémios ao longo de todo o percurso literário.
Em Portugal, recebeu ainda o Prémio D. Diniz da Fundação Casa de Mateus ('Exortação aos crocodilos', 1999), o Prémio Fernando Namora ('Boa tarde às coisas aqui em baixo', em 2004), o Prémio Alberto Pimenta de carreira, do Clube Literário do Porto (2008), o Prémio Autores ('Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar', 2010), o Prémio Literário Fundação Inês de Castro ('O tamanho do mundo', 2023).
Em França teve o Prix France Culture de Littérature Étrangère em 1996 por 'A morte de Carlos Gardel', e o Prémio de Melhor Livro Estrangeiro, por 'Manual dos Inquisidores', em 1997, romance também distinguido em Frankfurt, na Alemanha, como melhor obra traduzida, no mesmo ano.
Na Áustria, onde foi "convidado de honra" do Festival de Música de Salzburgo, recebeu em 2000 o Prémio de Literatura Europeia do Estado Austríaco. Em Espanha, teve os prémios Rosalía de Castro, em 2001, Terence Moix, em 2008, e o da Extremadura para a Criação, em 2009.
Em Itália, recebeu o Prémio Internacional União Latina, em 2003, o Nonino, em 2014, e o Prémio Bottari Lattes Grinzane, em 2018, enquanto na Roménia teve o Prémio Ovídio, em 2003.
O Estado de Israel entregou-lhe o Prémio Jerusalém, em 2004. No Chile recebeu, em 2006, o Prémio Iberoamericano José Donoso. O México deu-lhe o Prémio da Feira do Livro de Guadalajara (Juan Rulfo), em 2008.
A República Portuguesa condecorou-o com a Ordem da Liberdade, em 2019, 15 anos depois do Grande Colar da Ordem de Sant'Iago da Espada. França deu-lhe o grau de Comendador da Ordem das Artes e Letras, em 2008.
O seu mais recente livro, 'As Outras Crónicas', chegou às livrarias em outubro de 2023.
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