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Em Portugal, livros continuam a 'perder' para amigos, redes sociais e TV

A falta de interesse e de tempo estão entre os principais motivos para o afastamento da leitura, segundo o estudo 'Hábitos de Compra e Leitura em Portugal', apresentado hoje, em Lisboa, pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).

Em Portugal, livros continuam a 'perder' para amigos, redes sociais e TV

© Shutterstock

Lusa
03/09/2025 12:23 ‧ há 12 horas por Lusa

Cultura

Apel

Entre os não leitores, que representam cerca de um em cada quatro residentes em Portugal e percecionam a escola como decisiva no reforço dos hábitos de leitura adquiridos em casa (40%), as razões mais apontadas para a ausência de leitura são a falta de interesse (46%), a falta de tempo (39%) e a preferência por outras atividades de lazer (35%).

 

O estudo 'Hábitos de Compra e Leitura em Portugal', realizado pela consultora GfK para a APEL, revela uma percentagem de 76% de pessoas residentes em Portugal com hábitos de leitura (cerca de três em cada quatro), e foi apresentado hoje no arranque da terceira edição do encontro Book 2.0 - O Futuro da Leitura, a decorrer até quinta-feira na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

De acordo com este estudo, em termos globais, a leitura surge atrás de outras ocupações de tempos livres, como conviver com amigos (mais de 90%), estar nas redes sociais (84%), ver televisão em geral (72%), assistir a eventos culturais ou desportivos (72%) e praticar desporto (63%).

Em termos de compra de livros, em Portugal, o estudo reflete uma descida em 2024 em relação ao ano anterior: 58% dos residentes adquiriram livros no ano passado, contra 65% em 2023, com uma média de 3,9 exemplares por pessoa, para 4,8 em 2023.

O mercado livreiro, no entanto, registou em 2024 um crescimento em valor de 9%, alcançando os 204 milhões de euros, face aos 187 milhões de 2023.

Para a APEL, a conjugação destes dados aponta para uma maior concentração da compra de livros no universo dos leitores, com destaque para a faixa etária entre os 35 e os 54 anos (82%).

O romance continua a ser a categoria com maior procura (66% em 2024; 61% em 2023), seguido pelo policial e romance histórico, ambos com 45%, e pelo infantojuvenil com 40% em 2024 (42% em 2023).

Quem comprou livros em 2024 fê-lo sobretudo para consumo próprio (82%, igual a 2023) ou para oferecer (34%, contra 44% em 2023).

Em julho, quando da apresentação do encontro Book 2.0, que se inicia hoje em Lisboa, o presidente da APEL, Miguel Pauseiro, disse que os números relativos aos últimos anos são entusiasmantes, embora haja ainda muito por fazer.

"Entre 2021 e 2024, o mercado livreiro cresceu um pouco mais de 30% em valor e um pouco menos de 30% em unidades [livros vendidos]. Os primeiros meses de 2025 apontam no mesmo sentido", com "grande tração" nas redes sociais e clubes de leitura, "com muita atividade e partilha".

Para Miguel Pauseiro, "tudo isto é bom, mas ainda se lê pouco em Portugal, ler ainda não é um hábito diário, regular e transversal a toda a sociedade", com os indicadores 'per capita' a situarem-se entre "os mais baixos da Europa".

"Estamos 30% abaixo de Espanha, 40% abaixo de Itália, 80% abaixo dos Países Baixos, no Reino Unido compra-se mais do dobro dos livros 'per capita' e em França compra-se quase quatro vezes mais. O número de livrarias em Portugal é criticamente baixo quando comparado com estes países", afirmou então.

A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes, presente na apresentação do Book 2.0, disse por seu lado que "um país que valoriza o livro é um país que compreende que educar não é apenas transmitir conhecimento, mas também formar espírito crítico, sensibilidade e imaginação", levando a "uma sociedade mais preparada, mais livre e mais consciente das escolhas que faz".

Na altura, Margarida Balseiro Lopes anunciou que o Governo vai avançar com a segunda edição do cheque-livro até ao final do ano, e que o valor atribuído a cada um desses vales será reforçado, depois de a primeira edição, no valor de 20 euros, ter apresentado uma taxa de execução de 20%.

Para o presidente da APEL, "o valor é relevante". "Não é num ano que vamos fazer leitores, mas também não é com 20 euros", valor que ficou "muito longe" dos 100 euros propostos pela associação, mais "compaginável com o objetivo de criar leitores", segundo Miguel Pauseiro.

"Não se criam leitores com a compra de um livro, criam-se leitores com uma regularidade do hábito da leitura e, portanto, isso pressupõe mais do que uma compra", defendeu então o responsável.

Leia Também: APEL: 76% dos portugueses dizem que leem, mas só 58% compram livros

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