'Clandestina' sobre Margarida Tengarrinha premiado no Porto Femme

'Clandestina', documentário de Maria Mire que recorda o trabalho de resistência à ditadura da artista Margarida Tengarrinha, venceu os prémios A Voz das Mulheres e de melhor filme português do festival Porto Femme - Festival Internacional de Cinema.

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Lusa
22/04/2024 12:04 ‧ 22/04/2024 por Lusa

Cultura

Documentário

 

A curta-metragem 'Pelo Sim Pelo Não', de Laura Andrade, que retrata a experiência feminina a partir das conversas de um grupo de amigas, recebeu o Prémio do Festival, que iniciou a sua sétima edição no passado dia 16, mobilizou cerca de três mil pessoas, em cinco espaços do Porto, e encerrou na noite de domingo.

'Clandestina', de Maria Mire, tem como ponto de partida a obra 'Memórias de Uma Falsificadora - A Luta na Clandestinidade pela Liberdade em Portugal', da professora e ilustradora Margarida Tengarrinha (1928-2023) que durante a ditadura falsificou documentos de opositores perseguidos.

"O interesse na realização deste filme prende-se tanto com a urgência de tirar da sombra a ação das mulheres que de modo revolucionário combateram neste período negro da história contemporânea portuguesa, como o de pensar na dimensão política presente nos pequenos gestos da vida quotidiana", segundo a realizadora, citada na apresentação da obra.

O prémio A Voz das Mulheres, para "vozes que recusam o silêncio", distingue o melhor filme português que aborde a importância "da palavra na denúncia da situação de discriminação, nas várias dimensões da vida."

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A competição nacional distinguiu ainda 'Cura 1', de Joana Peralta, como melhor filme experimental, 'Sopa Fria', de Marta Monteiro, como melhor filme de animação, 'As Melusinas à Margem do Rio', de Melanie Pereira, como melhor documentário, e 'Entre a Luz e o Nada', de Joana de Sousa, como melhor obra de ficção.

Na competição internacional, o prémio de melhor documentário foi para 'Prague's Girl', de Andree Lucini, de Itália, o de melhor animação para a produção francesa 'Green grass', de Eli Augarten, e o de melhor filme experimental para 'The Altar', de Moe Myat May Zarchi, de Myanmar.

Na área de ficção foram distinguidos 'Uli', de Mariana Gil Ríos, da Colômbia, como melhor curta-metragem, e 'Woodland', de Elisabeth Scharang, da Áustria, como melhor longa-metragem.

O prémio de melhor filme pelas Lutas e Direitos das Mulheres foi para 'Bald Women', de Sandra Román, de Espanha.

A associação cultural It Gets Better Portugal recebeu o prémio Sororidade, pelo trabalho global de apoio a jovens gays, lésbicas, bissexuais, trans e intersexo.

O festival internacional de cinema Porto Femme, que se define como mostra do "melhor cinema produzido por mulheres e pessoas não binárias", dedicou este ano a programação às mulheres e à revolução, porque para algumas delas "o 25 de Abril demorou a chegar".

Extra-competição, exibiu filmes como 'Revolução' (1975), de Ana Hatherly, 'O aborto não é um crime' (1976), de Mónica Rutler e Fernando Matos Silva, 'Beirute: Olho da tempestade' (2021), de Mai Masri, e 'Sagargur' (2024), de Natasa Nelevic.

Na abertura, foi homenageada a cineasta portuguesa Margarida Cardoso, que dirigiu filmes como 'Natal 71', 'A costa dos murmúrios' e 'Yvone Kane'.

A competição oficial do Porto Femme contou este ano com 122 filmes de 38 países.

A lista integral de prémios está disponível nas redes sociais do festival.

 

MAG (SS) // JAP

Lusa/Fim

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