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25/Abril. Exposição que mostra impacto em França abre em maio

Uma exposição que mostra o impacto que o 25 de Abril teve em França, através de documentos, fotografias, jornais e vídeo, vai estar patente na embaixada francesa, em Lisboa, a partir de 13 de maio, apenas para grupos restritos.

25/Abril. Exposição que mostra impacto em França abre em maio
Notícias ao Minuto

19:47 - 16/04/24 por Lusa

Cultura 25 de Abril

"Olhares franceses sobre a Revolução dos Cravos" apresenta documentos provenientes maioritariamente dos arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, alguns mostrados pela primeira vez, distribuídos por sete núcleos.

A exposição será contudo estrita, porque "a embaixada não é um museu e não pode abrir ao público", estando previstos quatro grupos de 25 pessoas, mediante inscrição prévia, o primeiro dos quais no dia 13 de maio e os restantes em datas a anunciar, informou o conselheiro diplomático Thomas Bertin, número dois da embaixada.

Dentro de algumas semanas, a exposição, patente até ao final do ano, passará a estar também disponível virtualmente, adiantou.

A mostra, concebida como um contributo para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, pretende mostrar a perspetiva francesa da revolução e dos dois anos seguintes até à instalação da democracia, mas também "ilustrar os laços entre os dois países e o impacto que a Revolução dos Cravos teve em França", explicou.

Entre os documentos expostos, conta-se uma seleção de telegramas diplomáticos que o Embaixador de França em Lisboa, Bernard Durand, transmitiu ao longo de dois anos ao Quai d'Orsay e às mais altas autoridades francesas.

Dentro de uma vitrina no primeiro núcleo da exposição, encontram-se quatro telegramas diplomáticos que o embaixador escreveu no dia 25 de Abril, para explicar o que estava a acontecer em Portugal, revelou o historiador franco-português Victor Pereira, numa visita guiada à imprensa.

Um dos pontos com maior interesse é um filme com um debate de hora e meia, ocorrido em França no dia 11 de maio de 1976, transmitido pelo canal Antenne 2 e totalmente falado em francês, entre Vítor Alves, Mário Soares, Álvaro Cunhal, Francisco de Sá Carneiro e Freitas do Amaral.

Outro filme que vai estar a ser transmitido apresenta excertos dos telejornais franceses da altura e a cobertura noticiosa feita do 25 de Abril.

Entre o espólio disponível conta-se um exemplar do disco de José Afonso "Cantigas do Maio", gravado em França, que inclui a música "Grândola, Vila Morena", na qual o som da "gravilha que se ouve é francesa e não alentejana".

As primeiras páginas de jornais franceses a darem conta do que se ia passando em Portugal também abundam nesta mostra, sendo de destacar o facto de até a imprensa regional francesa fazer manchete com o acontecimento, como se vê num exemplar do jornal Sud-Ouest.

Além de telegramas, há outros documentos, como uma carta de Álvaro Cunhal, datada de julho de 1974, a Jean Dobrevine, a pessoa responsável no Partido Comunista Francês pelas ligações ao Partido Comunista Português, em que agradece a sua ajuda clandestina.

Um exemplar do livro "Novas Cartas Portuguesas", de Maria Teresa Horta, Isabel Barreno e Maria velho da Costa, em francês, encontra-se exposto juntamente com noticias sobre as "três Marias" e sobre a manifestação de apoio às escritoras em França.

A exposição revela também vários testemunhos da época, de personalidades como o então primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, e o diretor do jornal Libération, e mostra um "documento sobre como a Pide estava pontualmente em Paris para vigiar exilados, como Mário Soares e Álvaro Cunhal", explicou Vitor Pereira.

São várias as fotografias emblemáticas ao longo da exposição, como uma que mostra Palma Inácio e Fátima Ribeiro, dirigentes da LUAR, no momento da libertação, outras de José Afonso, uma que mostra uma reunião de Jean-Paul Sarte com os militares do Movimento das Forças Armadas, ao lado de uma imagem de Simone de Beauvoir na Praça do Martim Moniz, no 1.º de abril de 1975, ambas respeitantes a um período em que o casal passou entre três e quatro semanas em Portugal.

Uma página com caricaturas ilustrativas de um conjunto de reportagens que o cartoonista francês Cabut fez em Portugal, publicadas no jornal Charlie Hebdo, em maio de 1975, bem como exemplares de capas de revistas alusivas ao Verão quente de 1975, como a Paris Match ou a Le Nouvel Observateur, estão igualmente disponíveis para serem vistas, junto de uma grande fotografia da manifestação de refugiados políticos de volta a Portugal, no 1.º de Maio de 1974.

Os organizadores da exposição admitem abrir ainda mais um grupo para visita à exposição, além dos quatro já definidos, se as condições o proporcionarem, e preveem também acolher visitas de alunos.

Na quarta-feira, a Embaixada de França vai acolher durante a manhã uma conferência, que na primeira parte terá um debate em torno do tema "O salazarismo: caracterização de um regime e natureza de uma revolução", com os historiadores Yves Leonard e António Costa Pinto, seguido da apresentação de "Edgar", uma banda desenhada de Mathieu Sapin.

A fechar, decorrerá uma mesa redonda sob o mote "As memórias des/unidas: convergências e divergências em torno de 'Descolonização, Democracia, Desenvolvimento'", com os historiadores Victor Pereira, Irene Pimentel e José Neves, com moderação de Pedro Cordeiro.

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