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Música de Espanha na Eurovisão alvo de polémica (e até já Sánchez opinou)

Em causa está a letra da canção 'Zorra', que uns consideram uma "exaltação ao sexismo" e outros um hino sobre a liberdade sexual das mulheres. O primeiro-ministro espanhol já defendeu que o "feminismo não só é justo, como também pode ser divertido".

Música de Espanha na Eurovisão alvo de polémica (e até já Sánchez opinou)

O duo Nebulossa - composto pela cantora María 'Mery' Bas e pelo produtor Mark Dasousa - venceu, no passado sábado, o Benidorm Fest e vai representar Espanha na 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção com o tema 'Zorra'. No entanto, apesar de ter sido a preferida tanto do júri como do público, a escolha está a ser alvo de críticas, uma vez que 'Zorra' em português significa algo como 'p***' ou 'porca'.

"Se saio sozinha, sou uma p***. Se me divirto, sou uma p***. Se me atraso e chego de dia, sou ainda mais p***", ouve-se no tema que irá representar Espanha.

Em entrevista à agência de notícias espanhola Efe, Bas, de 55 anos, justificou a letra da música: "Senti-me muitas vezes marginalizada e maltratada e essa palavra acompanhou-me durante muito tempo, até que decidi dar-me poder e trazer à tona tudo o que tinha dentro de mim".

Até terça-feira, o Instituto da Mulher já tinha recebido mais de 300 queixas sobre as queixas sobre a música e a Aliança Contra o Esquecimento das Mulheres frisou que a palavra 'zorra' é frequentemente utilizada por "agressores sexuais" e "homens violentos". A organização feminista considerou mesmo que a música é uma "exaltação ao sexismo" e uma "banalização da violência".

Outras organizações, como o Movimento Feminista de Madrid, já pediram à RTE (televisão estatal responsável pela realização do Benidorm Fest) que retifique a decisão e escolham outra música para defender o país, conta a agência de notícias Europa Press.

Por outro lado, alguns grupos LGBTI+ manifestaram o seu apoio com o tema 'Zorra', que descrevem como um hino sobre a liberdade sexual das mulheres.

"Feminismo não só é justo, como também pode ser divertido", defende Sanchéz

O governo espanhol já veio também defender o tema, com a ministra da Igualdade, Ana Redondo, a afirmar tratar-se de uma "música divertida" e "inovadora" e o primeiro-ministro, Pedro Sánchez, a considerar que "desafia estereótipos sexistas".

"Parece-me que o feminismo não só é justo, como também pode ser divertido, e este tipo de provocação deve vir da cultura", disse ao canal espanhol La Sexta.

Para Sánchez, as críticas à música são um produto da "fachosfera" de Direita. "Eles teriam preferido que fosse o Cara al Sol", disse, referindo-se ao hino do movimento falangista espanhol. "Mas eu gosto mais deste tipo de canção".

A União Europeia de Radiodifusão (UER), responsável pela realização da Eurovisão, também já se pronunciou sobre a polémica e confirmou que a canção não viola a proibição de letras que possam desacreditar o concurso.

"A EBU compreende que o título da canção tem muitos significados. Considerando o contexto da letra e a mensagem concluímos que a canção é elegível para participar no concurso", disse a organização em comunicado, citado pela BBC.

O Festival Eurovisão da Canção realiza-se a 7, 9 e 11 de maio, em Malmo, na Suécia. 

Sublinhe-se que a Suécia ganhou o 'direito' em organizar a 68.ª edição do festival, após Loreen ter vencido a edição deste ano com 'Tattoo', com um total de 583 pontos. Esta foi a segunda vez que a cantora sueca ganhou a Eurovisão, tornando-se a primeira mulher a vencer o festival duas vezes. Em 2012, fê-lo com 'Euphoria'.

Leia Também: Petra Mede e a atriz Malin Åkerman vão apresentar a Eurovisão na Suécia

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