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Snarky Puppy voltam com nova pintura, mas o mesmo génio casual

O quinto dia do festival de Cascais foi dedicado à música instrumental, com Filho da Mãe a mimar o lusco-fusco, e os Snarky Puppy a mostrarem todo o seu reconhecido e premiado jazz fusão.

Notícias ao Minuto

16:25 - 21/07/23 por Hélio Carvalho

Cultura EDP Cool Jazz

Antes do concerto, os fãs de Snarky Puppy fazem contas aos instrumentos, consultam redes sociais, para ver quem tocará nesse dia. Mas a procura acaba por ser mais lúdica do que uma condição ou uma exigência: independentemente dos músicos que trazem em tour, os Snarky Puppy são sempre o melhor grupo de jazz fusão do mundo, e nem precisaram de se esforçar muito para o provar no palco do EDP Cool Jazz.

O concerto de quinta-feira marcou o regresso da banda aos palcos portugueses desde 2019 - eram para ter tocado nos Coliseus em 2020, antes da pandemia estragar os planos a toda a gente. Mas o tempo não ficou perdido, pois, em 2022, o grupo liderado pelo baixista e compositor Michael League lançou um novo álbum, e quase todo o concerto se centrou em torno de 'Empire Central' (trabalho que venceu um Grammy).

Depois de tocarem os quatro temas que abrem o disco, 'bombardeando' o público sentado e de pé com uma onda de solos brilhantes e um som limpo e expansivo, League explicou que a ideia era precisamente deixar as novas músicas "crescer", e agradeceu a paciência dos presentes em ouvir novas composições.

Depois de 'Keep It On Tour Mind', 'East Bay', 'Bet' e 'Cliroy', League enunciou que este álbum "é sobre o Texas, de onde o grupo veio, e o Marcelo [Woloski] escreveu uma música, 'Portal', com sons do Uruguai, não sei o que é que tem a ver com o Texas, mas vamos tocá-la", desenrolando a passadeira para solos quase irrealistas na percussão (em particular de Larnell Lewis, considerado por órgãos musicais como um dos melhores bateristas do mundo, independentemente estilo, e ele próprio é um impressionante e virtuoso maestro em palco).

Foi também destacado o contributo da lenda do funk, Bernard Wright, que morreu pouco depois de o álbum sair. Recordando uma conversa com a fadista Gisela João, que "explicou que o fado não é uma música, é um sentimento", Michael League disse que 'Belmont' caía nesse espectro, e a performance da faixa acabou por ser a mais suave e enternecedora da noite.

O final do line-up cedeu, no entanto, ao reconhecimento da banda que as suas músicas mais famosas são um pouco mais antigas. 'We Like It Here', um álbum extremamente inovador no mundo do jazz e que tem sido ouvido ad nauseam no YouTube e Spotify, foi recordado em dois encores diferentes - sim, as ovações foram tais que regressaram duas vezes -, com o interativo 'Shofukan', com 'Sleeper' (cujo solo principal foi tocado por Justin Stanton, músico baseado em Lisboa) e, claro, com 'Lingus' - de longe, o tema mais conhecido, muito graças a um solo histórico de Cory Henry nas teclas, substituído na quinta-feira pela guitarra.

Antes da banda baseada no Texas, com membros do Reino Unido, Canadá e Argentina, também houve música com nota portuguesa.

Notícias ao Minuto O projeto de Rui Carvalho já leva mais de dez anos, com seis álbuns editados© Hélio Carvalho/Notícias ao Minuto

No palco principal, Filho da Mãe, o projeto a solo de Rui Carvalho, trouxe a sua guitarra e pedaleira para um final de tarde calmante e introspetivo. Através do dedilhar repetitivo e repetido, em loop, interposto com os ritmos criados batendo na própria guitarra, a música e a cadência emotiva de Filho da Mãe caem como mel para aquela altura do dia.

Durante 45 minutos, Rui Carvalho foi acolhendo o público que ia acabando de jantar e se preparava para os cabeças-de-cartaz, e pôde apresentar a ouvidos novos alguns temas do seu trabalho mais recente, 'Terra Dormente', gravado ao longo de dois anos por diferentes partes do país.

Antes, num palco secundário mais intimista, tocaram nas Cascais Jazz Sessions, promovidas pela rádio Smooth FM, o projeto B3.

O EDP Cool Jazz continua no dia 22 de julho, com os concertos de Van Morrison, além de André Pizarro Pepe. Os grandes nomes ainda por aparecer no Hipódromo Manuel Possolo são Ben Harper & The Innocent Criminals, os portugueses Bruno Pernadas e Tiago Bettencourt, e o festival encerrará no dia 26 com Norah Jones, uma das maiores vozes do jazz do início do século.

Leia Também: Tiago Bettencourt e Nena juntam-se ao cartaz do EDP Cool Jazz

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