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Antologia de Manuel Alegre "País de Abril" é apresentada hoje

A antologia "País de Abril", que reúne 29 poemas de Manuel de Alegre, alguns escritos antes da Revolução de 1974 e que já falavam de Abril e de cravos vermelhos, é hoje apresentada em Lisboa.

Antologia de Manuel Alegre "País de Abril" é apresentada hoje
Notícias ao Minuto

07:19 - 09/04/14 por Lusa

Cultura Quartel do Carmo

A obra, editada pelas Publicações D. Quixote, é apresentada às 18:30, no Quartel da GNR no largo do Carmo, em Lisboa, pelo jornalista e advogado José Carlos de Vasconcelos, que representou presos políticos nos tribunais plenários da ditadura, e contará com a participação dos músicos Francisco Fanhais e Manuel Freire, que interpretaram o poeta.

O Quartel da GNR do Carmo foi um dos locais decisivos da Revolução, em que se refugiou o então presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, que acabou por capitular face aos militares estacionados em frete ao quartel, comandados pelo capitão Salgueiro Maia.

Um dos poemas incluído na antologia intitula-se "País de Abril" e foi publicado, pela primeira vez, em 1964, no livro "Praça da Canção".

Em "Poemarma", também de 1964, Manuel Alegre escreveu: "Que o poema seja microfone e fale/ uma noite destas de repente às três e tal/ para que a lua estoire e o sono estale/ e a gente acorde finalmente em Portugal". Com a precocidade de dez anos o poeta parece escrever sobre a madrugada de 25 de Abril de 1974, em que se sublevaram as tropas dos quartéis em direção a Lisboa.

Do lote de poemas escolhidos está, entre outros, "Nós Voltaremos sempre em Maio", incluído também em "Praça da Canção", e que regista outra coincidência, observada à distância de cerca de 40 anos dos acontecimentos revolucionários, já que o poeta regressou a Portugal, do exílio em Argel, precisamente em maio de 1974.

Sete anos antes da Revolução, Manuel Alegre escreveu o poema "Lisboa perto e longe", em que, numa das estrofes, se lê: "Lisboa tem um cravo em cada mão/ tem camisas que Abril desabotoa/ mas em Maio Lisboa é uma canção/ onde há versos que são cravos vermelhos".

Alguns dos poemas foram cantados por nomes como Amália Rodrigues, que gravou "Trova do vento que passa", com música de Alain Oulman, antes da Revolução de 1974. A primeira versão cantada deste poema, refira-se, é de António Portugal.

José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Manuel Freire, António Bernardino e Luís Cília foram outros nomes que gravaram alguns dos poemas incluídos nesta antologia.

"País de Abril" inclui também poemas escritos pelo ex-deputado socialista e ex-candidato presidencial, durante o período revolucionário, e publicados, anos depois, em 1981, na obra "Atlântico".

Manuel Alegre é o único autor português que integra a antologia italiana "Canto Por Um Mundo Livre", organizada Marco Fazzani que selecionou, entre outros, Chico Buarque, Bob Dylan, John Lennon e Leonard Cohen, e foi editada em janeiro do ano passado.

Nessa ocasião, falando à Lusa, Manuel Alegre afirmou que "a poesia só por si não faz a revolução, mas não há mudança sem uma poética da mudança".

O poeta recordou a importância da poesia na luta contra o regime anterior ao 25 de Abril de 1974 e o facto de alguns dos seus poemas terem sido musicados e interpretados por Adriano Correia de Oliveira, Luís Cília e Amália Rodrigues

Manuel Alegre, de 77 anos, tem cerca de 30 títulos publicados, que incluem poesia, discursos políticos e ficção, além de fazer parte de várias antologias. O seu mais recente livro, antes de "País de Abril", foi o romance "Tudo é e não é", editado no ano passado.

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